Numa escala de zero a 10, utilizada pela Transparência Internacional para medir o Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 159 países de todas as regiões do mundo, o Brasil recebeu em 2005 a nota 3,7, colocando-se em 62.º lugar. Para todos os efeitos, não é uma posição honrosa.
O Brasil tem a companhia bastante próxima nessa listagem pouco recomendável da Costa Rica e do Uruguai, países que também perderam pontos em relação à classificação obtida em 2004. No sentido inverso caminharam França, Estônia, Turquia e Japão, cujos governos lograram conter o ímpeto da rapinagem dos recursos públicos.
No extremo mais agudo da corrupção, ou seja, nas indesejáveis primeiras posições, se encontram o Chade, Bangladesh, Nigéria e Haiti, não por acaso países alijados dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio que a ONU estabeleceu para 2015, dentre os quais a prioridade é a eliminação da miséria.
A ambrosia é degustada pelas populações da Islândia, Finlândia, Nova Zelândia e Dinamarca, os países menos corruptos do ponto de vista da Transparência Internacional. Aliás, uma forte característica dos países ricos e industrializados, nos quais os governantes raramente cometem os abusos tão comuns nos países menos desenvolvidos.
Para a Transparência Internacional, e não há a menor novidade na constatação, não é possível acabar com a pobreza extrema enquanto houver corrupção entre os governantes. Na averiguação da ONG, os setenta países mais pobres são todos governados por dirigentes ?severamente corruptos?.
A marcha da corrupção entre administradores públicos desconhece barreiras geográficas, históricas e culturais, tanto que dos 159 países pesquisados mais de uma centena recebeu nota inferior a cinco. No IPC de 2005 a União Européia teve média de 6,7, e os Estados Unidos, 7,6.
É perfeitamente lógica a correlação das investigações realizadas pelas comissões parlamentares de inquérito sobre caixa 2 em campanhas eleitorais e suborno pago a congressistas, com a sofrível nota brasileira no mapa da corrupção mundial. Organização séria como a Transparência Internacional não age inventando fatos ou dissociando-os da dura realidade em que se acham mergulhados tantos países.
O alerta é oportuno para uma virada de mesa. No bom sentido, diga-se de passagem…