O ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a defender hoje a abertura de uma linha de crédito de emergência no Fundo Monetário Internacional (FMI) que permita a países membros daquele organismo enfrentarem situações de crise. Nessa linha, seria dispensada a necessidade de cumprimento de grande número de trâmites burocráticos formais, como por exemplo o envio de uma carta de intenções, como é exigido hoje.

continua após a publicidade

Segundo ele, uma linha de US$ 10 bilhões para o Brasil, por exemplo, seria razoável. Ele classificou essa linha como de "crédito expressa" e disse que ela teria que ter um valor substancial para ter eficácia, entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões, dependendo da capacidade de cada país.

Em rápida entrevista na entrada do Ministério da Fazenda, Mantega destacou que o atual momento, em que poucos países precisam do FMI, seria adequado para adoção dessa linha. "É quando não há chuva que se conserta o telhado", afirmou. "Quando a chuva vier, estamos prevenidos".

O ministro disse que os países emergentes como o Brasil deram exemplo de boa gestão e fazem jus a essa confiança maior. Ressaltou, no entanto, que há resistência de países membros que não precisam de tal linha em dar maior liberdade na concessão de crédito pelo FMI.

continua após a publicidade

Questionado por que defendia essa linha, já que o Brasil está vivendo um momento bom – semana passada, ele próprio comemorou o fato de as reservas internacionais brasileiras terem superado o valor da dívida externa líquida do governo federal -, Mantega reiterou: "Eu continuo comemorando. O Brasil está numa posição sólida. Reitero isso. Nunca o Brasil esteve tão bem. Mas amanhã pode ter um conflito, o petróleo ir a US$ 150. O FMI tem que ter essa função de ser uma instituição anticíclica", afirmou. "Qualquer país pode precisar, amanhã, e ter esses recursos".

"É o tal negócio: hoje, estamos recebendo salário, temos uma posição firme, mas nunca se sabe o amanhã". Arrematou.

continua após a publicidade