Mantega recua e diz que não quer aumento da inflação

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, esclareceu nesta quarta-feira (14) que o que ele quis dizer ontem, em audiência no Senado, é que o Banco Central deve perseguir o centro da meta de inflação (4,5%). "Aliás, estou chovendo no molhado porque isso é o que dispõe a legislação sobre este aspecto", disse.

Ontem, Mantega afirmou que "o BC poderá entregar, no final de 2007, algo como 4,5% ou 5% de inflação. O centro da meta é 4,5%, e não menos. O governo não tem pauta conservadora." As declarações soaram como uma crítica ao BC e uma cobrança a respeito da taxa de juros. "Cair 3 pontos porcentuais ao longo de 4 anos é sopa, é fácil", completou o ministro ontem. No ano passado, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 3,14%.

Hoje Mantega explicou que a razão para o BC perseguir o centro da meta é que ele foi pensado pelo governo e o Conselho Monetário Nacional como uma taxa que permite conciliar uma inflação sob controle e um crescimento maior da economia. Ele ressaltou, entretanto, que a inflação efetiva pode ficar abaixo do centro da meta. "Se nós conseguirmos, praticando uma política monetária mais flexível, alcançar uma inflação menor que o centro da meta, melhor ainda", disse.

O ministro ainda enfatizou em sua entrevista desta tarde que não é a favor do aumento da inflação. "Muito pelo contrário, eu acho que uma grande conquista da sociedade brasileira foi ter conseguido uma inflação baixa. E essa conquista tem que ser mantida", afirmou. Ele acrescentou que o ideal seria que o Brasil conseguisse conciliar a inflação suíça (hoje de 1% ao ano) com o crescimento à taxa chinesa (cerca de 10%). Ele admitiu, entretanto, que isso é algo difícil de se fazer. "Ter um crescimento maior com uma inflação menor é o desejável, é o melhor dos mundos", afirmou.

Ele destacou, entretanto, que o Brasil não pode perseguir uma inflação menor, que venha sacrificar o crescimento econômico. Mantega também reafirmou que não acha que o BC trabalha com uma meta implícita de inflação menor do que 4,5%, que equivale ao centro da meta de inflação.

Ele reconheceu, no entanto, que é difícil acertar exatamente o centro da meta de inflação. "Acertar na mosca, não vai. Assim como a gente não acerta na mosca o crescimento econômico." O importante, na opinião de Mantega, é o BC adotar as políticas adequadas para perseguir o centro da meta. Para ele, o BC já está fazendo isso.

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