O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quinta-feira (1º), para cerca de 100 empresários do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, reunidos no Fórum Regional Sul do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, em Curitiba, que o câmbio valorizado é, atualmente, o "maior problema econômico". "Tira o sono dos ministros da área econômica", acentuou. Mas procurou mostrar-lhes que isso também pode ser encarado de forma positiva. "O Brasil tem que se acostumar com certo câmbio valorizado porque é o preço do nosso sucesso no comércio internacional, é o preço de termos uma economia mais estável, mais sólida", afirmou.

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Segundo Mantega, o governo optou pelo câmbio flutuante e não vai mudar o posicionamento. "Nós procuramos não usar certos artificialismos", justificou. Mas prometeu que o governo vai "tomar as medidas necessárias" caso perceba "exageros". Segundo ele, para evitar que isso aconteça, o governo tem procurado a redução gradual da taxa de juros e a busca do aumento, não apenas das exportações, mas também das importações, retirando dólares do mercado. O governo também continuará fazendo reservas. "Os R$ 100 bilhões (reservas atuais) não são o limite. Podemos chegar ao que for necessário para diminuir essa oferta de dólares", acentuou. "É mais fácil administrar excesso do que escassez.

Ele disse que está averiguando o motivo pelo qual os importadores não estão se beneficiando da medida aprovada no ano passado, que permite manter dólares fora do Brasil. "Talvez porque não seja conveniente deixar lá, talvez é melhor converter em real, talvez não estejam habituados e temem a fiscalização que passou do Banco Central para a Receita Federal", ponderou. "Estou averiguando para saber o que está acontecendo."

O ministro reafirmou que a "turbulência" do mercado não deve atingir o País, apesar da queda na Bolsa de Valores de São Paulo que, no momento em que falava, era de quase 4%. "Temos que nos acostumar que, numa economia globalizada, com fluxos financeiros cada vez mais elevados e que tem facilidade de se deslocar de um mercado para o outro, periodicamente vai haver algum tipo de turbulência, um tipo de ajuste", disse. "O importante é saber se os países estão ou não habilitados para enfrentar isso com certa tranqüilidade, e eu posso garantir que o Brasil nunca esteve tão sólido ou preparado como agora.

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Mantega estava acompanhado dos ministros do Planejamento, Paulo Bernardo, e de Relações Institucionais, Tarso Genro. Aos empresários eles apresentaram as linhas mestras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que destina R$ 37,5 bilhões para a região Sul do País. "O objetivo é produzir um crescimento maior, com qualidade diferente daquilo que vimos no passado", afirmou o ministro da Fazenda. "A gente nem lembra mais quando o Brasil crescia, mas, fazendo um esforço de memória, quando o Brasil crescia, crescia com concentração de renda", ressaltou. "O PAC se orienta para outro tipo de crescimento, que abrange uma distribuição melhor de renda.

De acordo com o ministro, o PAC não acaba com os programas sociais do governo. "É o PAC e mais um conjunto de programas que o governo já pratica", ressaltou. Entre as pessoas que se pronunciaram, a cobrança maior foi da coordenadora da Pastoral da Criança, que disse estar temerosa com possível corte de recursos na saúde. "O desenvolvimento traz mais doenças, há epidemias e acidentes", salientou. "Peço que não haja contingenciamento na saúde e educação." O ministro do Planejamento garantiu-lhe que isso não acontecerá, principalmente porque os recursos são disciplinados pela Constituição. "Nosso governo não vai dar nenhum trabalho, vamos fazer nossa parte", garantiu.

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