Mantega promete liberar verbas se Orçamento for aprovado até terça-feira

Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje (13) que o governo manterá o acordo feito com os governadores, de liberar mais R$ 500 milhões para a compensação dos Estados exportadores, desde que o Congresso aprove o Orçamento da União até terça-feira. "Se houver esforço dos governadores para que a gente possa aprovar na terça-feira o Orçamento, nós podemos colocar os R$ 500 milhões", disse o ministro, que na véspera cogitou desfazer o acordo pelo fato de a lei orçamentária não ter sido votada nesta semana.

Mantega frisou, entretanto, que o governo não tem espaço para atender novas reivindicações dos Estados, como as apresentadas por Sergipe e pelo Rio de Janeiro. "O governo não vai além dos R$ 500 milhões colocados. Esgotamos nossos recursos", afirmou. A inclusão de solicitações adicionais no acordo com os governadores, segundo Mantega, poderia comprometer o equilíbrio das contas públicas. "Cada demanda adicional representa um dispêndio maior", disse.

A inclusão de novas demandas, de acordo com o ministro, foi o principal fator para que o Congresso Nacional não votasse o Orçamento na última terça-feira. "Começaram a aparecer novas reivindicações que não estavam no acordo acertado com o governador de Minas Gerais (Aécio Neves)", disse.

Entre essas reivindicações, há pleitos como o de Sergipe de liberação de um empréstimo do BNDES, que nada tem a ver com o Orçamento. No ano passada, essa mesma reivindicação havia sido negociada durante a votação de uma medida provisória, mas acabou não sendo atendida, o que levou o PFL a reapresentá-la.

Apesar desses problemas, o ministro procurou enfatizar que não fechou o diálogo com os governadores. Ele contou que conversou hoje por telefone com o governador Aécio Neves e o governador do Ceará, Lúcio Alcântara. "Nunca disse que estava rompendo as negociações ou o diálogo (com os governadores). Continuo aberto às negociações", afirmou.

Mantega se disse frustrado com a não votação e reconheceu que é difícil administrar sem o Orçamento aprovado. "O governo está tendo que editar medidas provisórias para evitar que a máquina pública entrasse em paralisia", afirmou. Sem as medidas provisórias, ele lembrou que até mesmo os investimentos da Petrobras ficariam comprometidos. Hoje o governo publicou uma medida provisória liberando R$ 1,77 bilhão para atender aos gastos da Presidência da República e dos ministérios. A ausência da lei orçamentária, de acordo com o ministro, também prejudica os Estados. "Sem o Orçamento, não temos como fazer o repasse dos recursos da Lei Kandir", disse.

Na última terça-feira, Mantega havia prometido acrescentar R$ 500 milhões aos R$ 3,4 bilhões já previstos no orçamento para ressarcimento da Lei Kandir, que prevê a desoneração de ICMS para as exportações de básicos e semimanufaturados, com a condição de que as proposta orçamentária fosse votada no mesmo dia. Mas o Congresso decidiu transferir a votação para terça-feira da próxima semana. Com isso, o ministro convocou uma entrevista para dizer que o acordo estava desfeito.

Hoje, pressionado pelos governadores, Mantega convocou nova entrevista para esclarecer suas declarações. Segundo ele, houve uma "interpretação equivocada" das suas palavras. Ele explicou que o acordo negociado com os Estados previa a liberação de R$ 500 milhões, de R$ 1,8 bilhão já negociados mas condicionados ao aumento da arrecadação para que fossem liberados. Com isso, os Estados já teriam garantidos R$ 3,9 bilhões e outros R$ 1,3 bilhão continuariam dependendo de haver um aumento da arrecadação do governo.

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