Mantega nega motivação política para corte na Selic

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, rechaçou nesta quinta-feira (31) qualquer motivação política na decisão do Copom, que ontem reduziu em 0,5 ponto porcentual a taxa Selic. De acordo com o ministro, a queda que surpreendeu o mercado, "pode ser explicada pelo fato de a inflação estar abaixo do centro da meta".

"Isso é algo inédito no País. A inflação está dando uma folga para a queda da taxa de juros. A gente teria que se surpreender se ela não caísse porque a cada mês que passa a previsão de inflação para 2006 está um pouquinho mais baixa", disse.

Segundo Mantega, há espaço para a manutenção da queda da Selic nas próximas reuniões do Copom. "Qualquer economista pode fazer esses cálculos, pode fazer essa dedução. Não há qualquer interferência política", enfatizou.

Após se reunir, em café da manhã, com o candidato ao governo de Minas Gerais pelo PT, Nilmário Miranda, e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), Mantega chegou a ser indagado numa rápida entrevista, sobre a possibilidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter solicitado uma redução maior da taxa de juros ao Copom.

"O presidente Lula não costuma fazer pedidos para o Copom. Eles deram demonstrações ao longo do tempo de que têm autonomia e, em algumas ocasiões, o presidente disse até que ficou chateado, que podia ser diferente. Então não há qualquer interferência", reafirmou o ministro.

Mantega observou ainda que tanto o BC quanto o Copom têm uma missão a cumprir, que é perseguir a meta de inflação determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Segundo ele, foi "exclusivamente dentro desses critérios" que se estabeleceu o corte de ontem na Selic. O ministro garantiu também que a economia brasileira está "animada" e, segundo ele, a prova disso é a contínua redução da taxa de juros.

"A taxa Selic está em queda desde setembro do ano passado. Então o que está reanimando esta economia, entre outras coisas, é a queda dessa taxa", disse, salientando ainda que a redução decidida ontem pelo Copom só vai se refletir na atividade econômica num período entre 5 e 8 meses à frente.

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