O ministro da Fazenda, Guido Mantega, alimentou ontem o clima de insegurança na sua equipe ao manter ?na modalidade de interino? o secretário do Tesouro Nacional, Tarcísio Godoy, numa clara indicação de que a dança de cadeiras no ministério não terminou com a demissão do titular da Secretaria de Política Econômica (SPE), Júlio Sérgio Gomes de Almeida. Na primeira fase das mudanças, a SPE passa a ser ocupada pelo atual secretário-executivo Bernard Appy, que com seu deslocamento abriu a vaga para acomodar o ex-ministro da Previdência, Nelson Machado, que foi afastado do cargo com a reforma ministerial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Integrantes do segundo escalão do ministério consideraram que Mantega foi deselegante com Tarcísio Godoy ao não confirmá-lo no cargo, mesmo que o substituísse em outro momento. A decisão de reafirmar, em entrevista à imprensa, a condição de interino foi interpretada como uma forma de ?queimar? o secretário. Nos bastidores, a avaliação é que Mantega se impôs uma saia justa ao estimular especulações em torno do afastamento do secretário interino do Tesouro: está abrindo mão de um técnico com a experiência que não encontrará entre outros assessores para conduzir o controle de gastos do governo.
No cargo há três meses e considerado o ?homem do caixa?, Godoy avisou a assessores que não pretende permanecer como secretário-adjunto do Tesouro e que estaria inclinado a aceitar um convite para trabalhar na iniciativa privada. Mantega, porém, afirmou que a interinidade do secretário não é ruim e tampouco compromete ou traz riscos à administração do Tesouro. ?Ele vai continuar nessa modalidade?, disse, acrescentando depois: ?Não há nenhuma repercussão na sua interinidade. As coisas estão indo bem, o risco País está caindo e as perspectivas da economia são as melhores possíveis?. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.