O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reafirmou ontem que o governo não vai aumentar as verbas do Congresso para acomodar o aumento salarial de 91% que os parlamentares se autoconcederam. "Quanto a recursos para que o Legislativo possa fazer frente a esse aumento de gasto de pessoal, o Executivo não pretende fazer um aporte adicional para isso", disse o ministro, após a reunião de presidentes de bancos centrais do Mercosul.

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Mantega procurou, porém, desfazer a impressão que está em curso uma crise entre Poderes. "Pelo que eu vi dos presidentes da Câmara e do Senado, eles pretendem administrar este aumento de gasto com pessoal dentro do espaço orçamentário que possuem", comentou. "Nesse sentido, não será necessário nenhum aporte adicional. Então, não pretendemos fazer o aporte adicional e eles também não estão pedindo. Está tudo certo.

Na véspera, o ministro confessou ter sido surpreendido pela magnitude do reajuste, que elevou os salários de R$ 12.847,20 para R$ 24.500,00: "Achei que fosse subir só pela inflação." Ele disse também que não queria fazer juízo de valor sobre a decisão do Congresso, mas acrescentou achar importante que haja cautela na decisão sobre salários, principalmente os maiores.

"Temos de dar o exemplo, tanto que nós, do Executivo, temos um salário bem menor", afirmou. Mantega brincou que poderia fazer uma greve, pois o salário dos ministros é de R$ 8.580,00. Ele negou, porém, que vá pedir equiparação aos parlamentares. No pacote de medidas econômicas que anunciará na próxima semana, o governo pretende incluir uma regra que evite o crescimento descontrolado dos salários no setor público. A idéia é que, a partir de 2008, a folha de Executivo, Legislativo e Judiciário nas três esferas de governo cresçam apenas o equivalente à inflação, acrescida de um aumento real de 1,5%.

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"Essa é a nossa preocupação: é moderar os aumentos", explicou. "Não é não dar aumento, porque também não é justo. Sou favorável a reajustes, porém eles têm de ser regrados, eles não podem aumentar indiscriminadamente, se não nós vamos gastar todos os recursos públicos com folha de pagamentos e não vão sobrar recursos os investimentos de que o País precisa.