O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje que a trajetória de crescimento da economia em 2006 mostra que é factível ter uma expansão do PIB de 4,5% em 2007. "Não é uma ficção, não é só um desejo. É factível termos 4,5% de crescimento em 2007", disse Mantega em entrevista. No entanto, ele afirmou que ainda existem desafios pela frente, como aumentar o nível de investimento nos próximos dois anos e proporcionar uma recuperação da indústria de transformação.
Segundo o ministro, a indústria de transformação cresceu apenas 1,6% em 2006, o que preocupa o governo. "Esse é um segmento importante para o País porque é o que mais emprega no setor industrial. A nossa preocupação é criar as condições para que a indústria de transformação se recupere", disse.
Outra preocupação, segundo ele, são as exportações de commodities. O governo, acrescentou, está preocupado "com o dia de amanhã", quando os preços das commodities não forem tão favoráveis e, por isso, a indústria de transformação terá um papel importante para assegurar o crescimento da economia. O ministro disse que é preciso reduzir os custos da produção e investir em inovação tecnológica. Ele lembrou também que o setor foi prejudicado pelo câmbio valorizado e que, neste momento, está havendo uma transição para o mercado interno, que está se aquecendo.
Mantega disse que também preocupa o governo a queda nas exportações de bens e serviços, boa parte por causa do câmbio valorizado.
Superávit
O ministro informou que a junta de execução orçamentária, que reúne os Ministérios da Fazenda, Planejamento e Casa Civil, tem encontro amanhã para decidir se vai alterar a meta de superávit primário deste ano, que é de 4,25% do PIB. No entanto, Mantega admitiu ser difícil alterar o valor nominal do superávit primário, de R$ 91 bilhões. "Não é fácil fazer um corte porque as receitas e as despesas previstas continuam as mesmas. Será difícil mexer neste número", afirmou.
Ao ser questionado se o governo tenderia a reduzir o superávit para 3,75% do PIB, Mantega respondeu que ainda não há uma definição. "Eu não decido isso sozinho. Eu decido com os meus companheiros e o presidente Lula dará a palavra final", emendou. Na publicação do decreto orçamentário para este ano, o governo já previa a possibilidade de fazer um superávit primário de 3 75% do PIB excluindo 0,50% do PIB relativos ao Projeto Piloto de Investimento (PPI).
O ministro informou que, com a revisão do PIB de 2006 de 2,9% para 3,7%, o superávit primário realizado em 2006 caiu de 4,32% do PIB para 3,88% do PIB.
