O ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou ontem à noite que o governo anunciará nos próximos dias medidas que permitirão o uso de crédito consignado no financiamento de casa própria e também a eliminação da cobrança da Taxa Referencial (TR) do setor habitacional. Mantega, falando a jornalistas ao chegar à residência do ministro Luiz Furlan (Desenvolvimento) para um jantar do presidente Lula com empresários, disse que não se preocupa com a possibilidade de a eliminação da TR causar efeitos contrários aos esperados, ou seja, o aumento da taxa de juros cobrada pelas instituições financeiras nos financiamentos da casa própria.
O ministro observou que a inclusão da TR nesses cálculos impede que as parcelas pagas pelo tomadores de crédito sejam fixas, que é justamente o que eles querem. "Tirando a TR, ficará somente a taxa de juros, fixa, que será determinada pelos estabelecimentos financeiros", afirmou o ministro. De acordo com Mantega, a medida deverá acentuar a competição entre os bancos pela clientela. Os bancos, segundo ele, já estão competindo pelos clientes que buscam financiamento habitacional, por tratar-se de crédito de longo prazo que permite a "fidelização" desses clientes por longos períodos.
Na lógica do ministro, essa disputa se dará, em escala maior, com a oferta de taxas de juros fixas e mais baixas. "Os bancos querem essa fatia do mercado. O crédito habitacional, no Brasil, que hoje representa de 2% a 3% do PIB (Produto Interno Bruto), pode avançar para 20% a 30% do PIB. Esse é um setor de grande futuro", disse Mantega.