O ministro da Fazenda, Guido Mantega, condenou nesta terça-feira (26) a atitude de compra de dossiê para atacar a oposição. Questionado por um empresário sobre se, além da compra do dossiê, condenaria também o ex-coordenador da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição Ricardo Berzoini, o ministro afirmou novamente: "Condeno a atitude. Ela é desastrosa, um tiro no pé. Tínhamos a tradição de recusar este tipo de oferta no PT.
Mantega lembrou que o partido recusou, na campanha presidencial de 1998, a oferta do dossiê Cayman, que continha denúncias contra o então candidato à reeleição, o presidente Fernando Henrique Cardoso, e seu ministro José Serra. "Repudiamos este comportamento infeliz, inapropriado e desnecessário para a vida democrática", repetiu.
Um outro empresário perguntou ao ministro, sem cerimônia, se ele como petista, conhece a origem dos recursos para pagamento do suposto dossiê que envolveria o agora candidato do PSDB ao governo do Estado, José Serra. Mantega respondeu que "realmente, na Fazenda, temos outras atribuições". "Talvez fosse melhor fazer a pergunta ao senador Romeu Tuma (PFL-SP), presente à mesa que é muito experiente e competente na área de investigações. Nós não temos nada a ver com o departamento de inteligência das Organizações Tabajara", brincou o ministro, sem esclarecer a que se referia com o termo "Organizações Tabajara".
Para Mantega, o que interessa a sua seara, que é a econômica, é como o Brasil será entregue ao próximo governo, em termos econômicos, em 31 de dezembro. "Entregaremos um País muito melhor, sólido, País que não traz temor para ninguém e onde ninguém precisa correr para comprar dólar. Hoje, o aumento do emprego está diminuindo a miséria e está dando condições melhores para a base da pirâmide social. Estamos saindo muito satisfeitos desta obra (governo Lula) e não são esses detalhes políticos de última hora que vão nos afetar", afirmou o ministro.
Questionado sobre se o Brasil será governável num eventual segundo mandato do presidente Lula, contaminado pela crise política provocada pelo dossiê Vedoin, o ministro Guido Mantega, afirmou: "Não tenho a menor dúvida, porque acabamos de ser governados – desculpe minha modéstia – de forma competente pelo presidente Lula.
Para Mantega, conflitos em períodos eleitorais são absolutamente normais numa democracia. O fato é que tudo está muito melhor hoje do que há quatro anos, segundo ele. "Certamente, cometemos erros, mas também acertos. Agora, num segundo mandato, não precisamos cometer os mesmos erros. Será um mandato muito mais eficaz, porque estamos partindo de um patamar mais alto", afirmou. "O PT amadureceu e os outros partidos, de situação e de oposição, também. Terminada a campanha, sairemos com uma classe política melhor", acrescentou.
Mantega almoçou com empresários em evento promovido pelo Lide e acaba de entrar em uma outra reunião com lideranças da indústria no Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) capitaneado por Josué Christiano Gomes da Silva, presidente da Coteminas e filho do vice-presidente da República, José Alencar.