Rio de Janeiro – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, convocou nesta sexta-feira (22) a imprensa para rebater informações divulgadas nos últimos dias de que a tensão com a crise política teria abalado os mercados. O ministro afirmou que a economia brasileira ?está sólida, robusta e continua crescendo?.
De acordo com o ministro, a ?ligeira? turbulência que vem sendo notada na Bolsa de Valores e mesmo no que se refere ao risco país não está relacionada com a questão política.
?O que nós estamos observando é que a economia americana está dando alguns sinais de desaceleração e, portanto, pode afetar a economia mundial. Então, houve uma desvalorização de commodities e mesmo do petróleo?, argumentou.
Mantega lembrou ainda que ocorreram problemas localizados em alguns países, como no Equador, que anunciou a intenção de renegociar sua dívida externa, ?o que afeta e preocupa os mercados?. Ele citou ainda o golpe de Estado na Tailândia e a queda do gabinete na Polônia, entre outros episódios recentes.
?São questões que estão relacionadas com o mercado mundial. As bolsas caíram no mundo todo ontem (21), desde Nova York, México e Brasil, e o risco dos países emergentes cresceu ontem exatamente na mesma proporção?, afirmou o ministro, acrescentando que o aumento do risco país foi de 7% no Brasil e nos demais países emergentes.
A Bolsa de Nova York caiu ontem 0,7%, enquanto a Bovespa teve queda de 3,99%. Nesta sexta-feira (22), a bolsa americana mostrou retração de 0,22% e a Bovespa de 0,09%, acumulando na semana baixa de 3,79%.
Em janeiro deste ano, o risco Brasil era de 300 pontos, contra a média dos países emergentes de cerca de 190 pontos, o que resultava em uma diferença de 110 pontos. De janeiro para setembro, a diferença foi reduzida, e está hoje na faixa dos 50 pontos. ?O Brasil tem diminuído seu risco em relação aos países emergentes?, constatou o ministro.
A tendência, disse Mantega, é diminuir essa diferença. ?Significa que somos considerados mais sólidos do que éramos no passado?.
?Não vai ser o dossiê do Brasil que vai afetar o risco dos países emergentes?, analisou Mantega, atribuindo esse resultado (aumento do risco Brasil) ao cenário internacional.
O ministro disse que a turbulência externa é passageira e que ?o Brasil está muito sólido em relação a isso, está vacinado para não sofrer novos problemas no futuro?.
De acordo com Mantega, mesmo que o Federal Reserve (Banco Central norte-americano) venha a reduzir as taxas de juros, em função da desaceleração da economia americana, a trajetória das variáveis econômicas do Brasil não serão alteradas ?porque a nossa taxa de juros continuará sendo descendente, continuará sendo reduzida em função da situação confortável que tem o Brasil?, além das trajetórias positivas das contas externas e internas e da inflação.