O quórum baixo na Câmara poderá inviabilizar a aprovação nesta terça-feira (05) da proposta de emenda constitucional que acaba com o voto secreto nos processos de cassação. Nos bastidores, a votação da proposta enfrenta a mobilização de deputados que são acusados de suposto envolvimento no esquema de venda superfaturada de ambulâncias com recurso do Orçamento da União e de alguns partidos que têm mais deputados respondendo a processo de cassação.
A estratégia dos que são contrários a proposta é esvaziar o plenário da Câmara para evitar a votação. Como se trata de uma emenda constitucional, para ser aprovada, a proposta precisa de 308 votos favoráveis. Às 13h, o plenário registrava a presença de 359 deputados. "Está em funcionamento a operação ausência liderada por sanguessugas", afirmou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), um dos defensores do voto aberto.
Apesar de declarar o voto a favor do fim do voto secreto, o primeiro secretário da Mesa, Inocêncio Oliveira (PL-PE), afirmou na sessão em andamento que tem um compromisso de campanha e que poderá faltar na sessão para votação da proposta que institui o voto aberto nos processos de cassação. Ele chegou a propor que a proposta seja discutida, mas sua votação adiada. "Temo que, com a campanha, muita gente já tenha viajado e não tenhamos quórum de 450 ou acima desse número para votar a matéria", afirmou Inocêncio, após ouvir o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), anunciar no plenário que também tem compromisso de campanha em São Paulo e não ficará para votação. Os dois declararam ser a favor da aprovação do fim do voto secreto.