Os coordenadores do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) calculam que aproximadamente mil pessoas estão ocupando o prédio do Ministério da Fazenda. Segundo Antonio Arruti, da coordenação nacional do MLST, os manifestantes estão dispostos a negociar com o governo com tranqüilidade. Daqui a pouco, a coordenação do grupo terá uma reunião com representantes dos ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento Agrário. "À medida que sentirmos boa vontade do governo, vamos começar a sair", disse.
Segundo ele, o fato do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, não estar o prédio não reduz a força do movimento. "Queremos o dinheiro que foi prometido para a reforma agrária", disse Arruti. Ele reclamou dos cortes dos recursos pela área econômica e elogiou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, e o presidente do Incra, Rolf Hackbart. "Essa tem sido a melhor equipe dos últimos anos", afirmou ele, destacando que sem recursos não é possível avançar na reforma agrária. Além do corte no Orçamento, a liderança do MLST reclama dos recursos destinados ao setor de agronegócios.
"Enquanto cortaram R$ 2 bilhões da reforma agrária, o governo liberou R$ 3 bilhões para o agronegócio recentemente em Rio Verde", criticou Arruti.
Os manifestantes, que ocupam todos os andares do prédio, estão mais concentrados no térreo e no quinto andar, onde fica o gabinete do Ministro da Fazenda, Antonio Palocci. No grupo há pessoas de todas as idades
Assessores do ministro conseguiram preservar o gabinete central do ministro, mas os manifestantes ocuparam as salas de reuniões, das secretárias e de assessores mais próximos de Palocci. Alguns aproveitam o tempo livre assistindo televisão. Um assessor do gabinete do ministro contou que os manifestantes chegaram sem violência, surpreendendo a todos no local. De acordo com uma secretária que há muito tempo trabalha no Ministério da Fazenda essa é a segunda vez que o prédio é invadido. A outra vez foi durante o governo passado, quando o ministro da Fazenda era Pedro Malan.
Um setor do quarto andar do prédio do Ministério, onde fica o gabinete do secretário-executivo, Bernard Appy, também foi preservado. Quando avistaram a movimentação de entrada dos manifestantes pela janela, alguns assessores de Appy fizeram rapidamente uma barricada e fecharam a porta da escada de incêndio por onde os invasores conseguiram subir depois que os elevadores foram desligados.