Brasília ? O ponto alto da manifestação de estudantes secundaristas, sindicalistas e grupos de ativistas contra a visita do presidente norte-americano, George W. Bush, ao Brasil foi a queima do boneco que o representava e da bandeira dos Estados Unidos. Isso ocorreu em frente à Embaixada dos Estados Unidos em Brasília.
Em Brasília, cerca de mil estudantes, segundo o Comando da Polícia, e um grupo de mulheres palestinas e representantes de associações de base, liderados pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) e pela União Nacional dos Estudantes (UNE), iniciaram o protesto a partir da Catedral. Depois de uma rápida passagem pela Esplanada dos Ministérios, foram até a embaixada norte-americana, onde um forte esquema de segurança apenas impedia a passagem dos manifestantes no portão principal.
Com palavras de ordem como "Bush, Facista. Você é um terrorista" e "Assassino, assassino", o grupo ateou fogo no boneco especialmente preparado para isso, mas uma chuva interrompeu o ato que não registrou nenhum incidente com os policiais responsáveis pela segurança dos manifestantes e da embaixada.
No grupo de palestinos que decidiram aderir à manifestação, Shaffi Ali disse representar as mulheres palestinas contra a dominação israelense na Palestina. Com a cabeça coberta por uma kaffia (lenço quadriculado palestino), ela disse que o protesto contra o presidente norte-americano era porque ele "financiou e continua financiando a guerra no Iraque".
Ao defender o direito do povo palestino a ter uma pátria livre, Shaffi lembrou que Israel também oprime os palestinos, às vezes em suas próprias casas. Ela diz não acreditar na paz entre árabes e israelenses enquanto existir a política imperialista de Bush e do primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon.
De acordo com o presidente da União Nacional dos Estudantes, Gustavo Petta, assim como na Argentina e em outros países, existe hoje um grande sentimento de reprovação à política norte-americana e isso vai ficar claro para o presidente Bush. Segundo ele, a manifestação também ocorreu em dez capitais brasileiras e deverá se repetir durante todo o final de semana em Brasília.
Petta lembrou que os protestos contra Bush também põem em pauta outras reivindicações dos estudantes brasileiros. Dentre elas, a libertação do líder do movimento social da América Latina, o colombiano Olivério Medina.
Petta contou que Medina está preso e que a polícia colombiana quer julgá-lo naquele país, onde, possivelmente, ele poderá ser morto. "Essa é também uma manifestação de solidariedade aos povos e aos movimentos sociais latino-americanos. Ao povo cubano, ao povo venezuelano. São países que hoje procuram encontrar caminhos alternativos às imposições dos Estados Unidos da Americana", disse ele.
À tarde, os estudantes voltam a se reunir para dar continuidade ao dia de protesto contra a vinda do presidente norte-americano ao Brasil. Está prevista, no final da tarde, uma manifestação cultural com o compositor Alceu Valença.
Bush deve chegar amanhã (5). A assessoria de imprensa da embaixada norte-americana não se manifestou acerca dos protestos. O presidente norte-americano vem ao Brasil depois de passar pela Argentina, onde participa da 4ª Cúpula das Américas. O encontro vai até amanhã e reúne chefes de Estado de 34 países do continente americano, que debatem sobre o enfrentamento da pobreza e o fortalecimento da governabilidade democrática.