Manifestação reúne 10 mil pessoas em defesa de Lula

A manifestação a favor da permanência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no poder reuniu cerca de 10 mil pessoas, nesta terça-feira, durante ato em frente ao Ministério da Fazenda, e perto de 4 mil, já no final, no gramado do Congresso, de acordo com cálculos feitos pela Polícia Militar.

"Ninguém vai derrubar o Lula, ninguém vai cassar o Lula. Porque, para cassar o Lula, terão que passar por cima dos movimentos sociais, dos estudantes e do povo brasileiro", bradou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Felício. "O deputado que apresentar o processo de impeachment terá de prestar contas à população", ameaçou de cima do caminhão de som.

Como Felício, outros manifestantes de entidades como a União Nacional dos Estudantes (UNE), união dos secundaristas (Ubes), movimento de mulheres, de negros, petroleiros, sindicatos filiados à CUT, PCdoB e PT declararam-se a favor da permanência do presidente Lula no Palácio do Planalto e disseram confiar na sua honestidade.

Mas, numa engenhosa ginástica política, atacaram a política econômica e pediram punição para os corruptos. "O Orçamento para o ano que vem é uma piada. Vai acabar com a educação", atacou o presidente da UNE, Gustavo Petta, que momentos antes, de cima do caminhão de som, defendera Lula e atribuíra à "direita e à imprensa burguesa" a iniciativa de "derrubar" o presidente da República.

Valter Pomar, um dos vice-presidentes do PT, foi além no ataque à política econômica do governo de Lula. "O Marcos Valério (apontado como operador do esquema de corrupção montado pelo PT) incomoda muita gente; o Henrique Meirelles (presidente do Banco Central) incomoda muito mais".

Mas Pomar repetiu o mesmo coro dos outros manifestantes: "A direita brasileira quer aproveitar de uns poucos culpados para voltar ao poder. Quem são o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), o senador Jorge Bornhausen (PFL-SC) e o Fernando Henrique Cardoso para falar em impeachment? A direita foi enxotada em 2002 e não vai voltar porque nós não vamos deixar."

Eles apresentaram uma das poucas reivindicações diferentes. "É preciso tirar da pauta o leilão das áreas de reserva de petróleo marcado para outro. Isso é crime de lesa-pátria", dizia uma das faixas apresentadas pelas entidades do setor. Antonio Carlos Spis, antigo dirigente da Federação dos Petroleiros, hoje secretário de Comunicação da CUT, foi um dos animadores da manifestação, ao lado de Gustavo Petta, da UNE, e de Marcelo Gavião, da UBES.

Outras faixas foram genéricas. "Punição exemplar para os envolvidos em corrupção", exigia uma federação de professores. "Reforma política com fidelidade partidária e financiamento público de campanha", insistia a UNE. "Contra a desestabilização (do presidente) e a corrupção", repetia a CUT.

A passeata deixou a frente da Catedral de Brasília por volta das 9h30, seguiu pela Esplanada dos Ministérios, fez uma volta na frente do Congresso e parou na frente do Ministério da Fazenda. Lá, os oradores pediram mudanças na política econômica, principalmente redução na meta de superávit primário.

De vez em quando sobravam vaias para o PFL, o PSDB e o ex-presidente Fernando Henrique. Ou para o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA): "É ou não piada de salão, o ACM Neto falar em corrupção". Uma das faixas dizia: "O mensalão foi inventado pelo PFL e PSDB".

João Paulo Rodrigues, um dos dirigentes do MST, aproveitou a oportunidade para dizer que não fazia uma manifestação a favor do presidente Lula, mas contra as tentativas da direita de derrubá-lo, o que dá na mesma. "Nunca vamos nos juntar com a direita, com o PFL e o PSDB, nem com a imprensa burguesa". E ameaçou: "Se o Lula não cumprir a promessa de reforma agrária, vamos ocupar todos os latifúndios improdutivos neste semestre."

Oposição

Se hoje a manifestação foi "chapa-branca", na definição do presidente do PSTU, José Maria de Oliveira, amanhã será de oposição. À frente estarão o PSTU, o PSol, partidos radicais de esquerda, o PDT e o PPS, todos de oposição. Mas o impeachment do presidente Lula não deverá ser o centro das atenções.

José Maria considera que não vale a pena pedi-lo. "O impeachment tem que ser votado no Congresso. O Congresso, o PFL e o PSDB não têm nenhuma autoridade moral para julgar Lula. Seria a mesma coisa de pedir para os quarenta ladrões julgarem o Ali Babá", disse o presidente do PSTU. A palavra de ordem do PSTU é abrangente: "Fora todos. Fora Lula, o Congresso, PT, PFL e PSDB".

O PSol dos senadores Heloisa Helena (AL) e Geraldinho Mesquita (AC) e dos deputados João Batista Oliveira, o Babá (PA), e Luciana Genro (RS), também não quer saber de impeachment. O partido tem três tipos de manifestação, sem tocar no impeachment de Lula: "Contra a corrupção, as reformas neoliberais e a política econômica de Lula/FMI".

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