Thomas Coex/AFP

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O histórico ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, de quase 92 anos, desempenhou um papel importante na escolha de seu país como sede do Mundial-2010 e, neste domingo, pôde desfrutar, durante alguns minutos, o calor da torcida, antes do final do torneio.

A grande imagem foi tomada: Mandela, sorridente e encasacado, saudava os torcedores já da grama do Soccer City de Johannesburgo, antes da disputa da partida Holanda-Espanha, num pequeno veículo elétrico.

Sua presença no Soccer City de Soweto teve, além disso, um simbolismo a mais, já que o estádio foi construído sobre um outro campo, no qual Mandela pronunciou um histórico discurso em defesa da reconciliação nacional, perante 100.000 pessoas, depois de sua libertação.

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Mandela era um dos principais embaixadores do projeto de escolha da África do Sul para sediar a Copa, que terminou derrotando os de Marrocos e Egito.

Mandela esteve na votação final em Zurique, em maio de 2004.

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“Tivemos o privilégio e a humildade, como sul-africanos, de receber esta honra e vamos nos esforçar por alcançar a excelência”, comentou em dezembro, por ocasião do sorteio da fase final, na Cidade do Cabo.

A Fifa o envolveu nos preparativos para o Mundial e, em setembro de 2008, entregou a ele uma réplica do troféu da competição, como “verdadeiro arquiteto” do sonho sul-africano de abrigar o evento.

Em fevereiro de 2010, por ocasião do 20º aniversário da libertação de ‘Madiba’ (seu apelido), o presidente da Fifa, Joseph Blatter, enviou carta pública a seu “amigo”.

“Confiamos em que a Copa do Mundo da Fifa contribua para o legado que quis deixar para seu país”, comentou o dirigente suíço.

Um dos estádios do torneio, o de Port Elizabeth, receberá o nome do ex-presidente, em sinal de homenagem, assim como outras infra-estruturas, como uma importante ponte de Johannesburgo.

Mas as mostras de carinho do mundo do futebol não param por aí.

A seleção sul-africana foi visitá-lo antes do duelo perdido para o Brasil nas semifinais da Copa das Confederações-2009 e repetiu o gesto uma semana antes da abertura do Mundial, presenteando o líder ‘anti-apartheid’ com uma camiseta.

A estrela portuguesa Cristiano Ronaldo e a delegação de Gana também puderam visitar Mandela nas últimas semanas.

Mas a paixão de Mandela pelo futebol não se limita ao Mundial-2010. Vem muito antes, durante sua estada de 27 anos na prisão da Robben Island, em frente à Cidade do Cabo, para onde eram levados os líderes considerados mais ‘perigosos’ pelo regime segregacionista.

Naquela ‘Ilha das Focas’ (tradução do africâner), o futebol era uma espécie de via de resistência e escape para os prisioneiros negros, em contraposição aos esportes praticados por seus carcereiros brancos, principalmente o rúgbi e o cricket.

Para minar sua moral, não permitiam a Mandela participar das ligas da prisão. Agora, a história o ressarciu com especial homenagem, na despedida da competição de futebol mais importante do mundo.