Depois de quase duas semanas de investigação, a Secretaria da Saúde de Santa Catarina descobriu a causa de três mortes, doença de Chagas aguda. Há outros 19 pacientes infectados e 28 casos suspeitos. Todos consumiram caldo de cana em um quiosque na BR-101, entre Piçarras e Itajaí, no período de 13 a 20 de fevereiro.
"Temos conhecimento de apenas dois casos relatados de contaminação por via oral", explicou hoje o secretário Luiz Eduardo Cherem. A demora para se chegar ao diagnóstico, de acordo com Cherem, foi pelo fato de os sintomas da doença de Chagas, transmitida pelo inseto conhecido como barbeiro, serem semelhantes aos de leptospirose e hantavirose.
"Como não havia casos de doença de Chagas no Estado, os exames de concentraram nas duas outras, que são mais comuns nesta época do ano. Ao verificarem que os testes não batiam, os técnicos mudaram a linha de investigação e chegaram a esta conclusão", anunciada no sábado (19).
Anne Heloísa Cabral, de 9 anos, morreu no último dia 14, em Florianópolis, após um mal sucedido tratamento para leptospirose. Uma semana antes, sua irmã Ana Beatriz, de 4 anos, e sua avó Dorvalina da Rocha Cabral de 62 anos, haviam falecido em Balneário Camboriú. Outras duas mortes estão sendo investigadas e o resultado deve sair nos próximos dias.
Em Joinville, uma criança e quatro adultos com Mal de Chagas estão internadas no Hospital Municipal São José e no Centro Hospitalar Unimed. Há a suspeita de mais três casos na cidade e outro na cidade vizinha de Araquari.
Inseto
O secretário da Saúde do Estado disse que há uma equipe do Ministério da Saúde acompanhando o trabalho de investigação, que inclui uma busca pelo inseto na região de Itajaí, para saber de que maneira houve a contaminação do caldo de cana.O diretor da Vigilância Epidemiológica, Luiz Antonio Silva, explicou que "é comum o barbeiro procurar a cana para se esconder e lá acaba se alimentando e soltando suas fezes infectadas. Acreditamos que a cana foi esmagada com o bicho dentro", disse ele.
A Vigilância Epidemiológica está orientando as pessoas que beberam caldo de cana entre os dias 13 e 20 de fevereiro na região de Itajaí a fazerem um exame sorológico para confirmar se foram ou não contaminadas. A Vigilância Sanitária do Estado iniciou no domingo uma operação para suspender a venda de caldo de cana em toda Santa Catarina enquanto durarem as investigações.
