Esta não é a primeira vez que o presidente do Banco Central (BC) Henrique Meirelles, é pressionado para reduzir a taxa básica de juros. Desta vez, no entanto, a pressão é explícita por parte de dois ministros, o da Fazenda, Guido Mantega, e a da Casa Civil, Dilma Rousseff, além do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A proximidade com o anúncio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) carrega de simbolismo a reunião de hoje do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e, dependendo da decisão do BC, poderá ser interpretada como um apoio ao PAC ou uma desautorização às propostas do governo.
Apesar de ser uma decisão coletiva, é na figura de Meirelles que as pressões estão colocadas. É ele que terá de explicar a decisão do BC, hoje à noite, ao presidente Lula e ao ministro Mantega, durante a viagem que os levará para Davos, na Suíça, onde participarão do Fórum Econômico Mundial.
O início da gestão Meirelles foi um momento crucial para o BC. Com a inflação ainda em alta e o governo com baixa credibilidade o Copom subiu o juro para 26,5% ao ano, o pico do governo Lula. Meirelles, então, suportou o fogo amigo petista. Outro momento importante se deu durante a crise política, em 2005, quando ele manteve a Selic em 19,75% ao ano e começou a flexibilizar lentamente a política monetária em setembro daquele ano. "Ele salvou o mandato popular do presidente Lula ao manter uma postura firme e evitar que a crise se transferisse do Congresso para a economia", disse uma fonte, ressaltando que Lula tem muita gratidão ao presidente do BC.
Hoje, as apostas são de que Meirelles continuará no BC e, segundo fontes, ele próprio deu sinais nessa direção, ao nomear um novo secretário-executivo em substituição a Milton de Melo Santos, que deixou o BC para presidir a Nossa Caixa em São Paulo.