Mais um remendo

O presidente Lula inicia mais uma semana de incertezas e desafios angustiantes na atribulada experiência de retomar as iniciativas de governo – reformando o ministério -e se não bastasse, interagindo com a direção do PT no sentido de juntar os estilhaços e costurar um núcleo capaz de evitar o caos definitivo.

No final da semana, o País foi mais uma vez sacudido por notícias alarmantes. Um assessor do deputado estadual José Nobre Guimarães (PT-CE), irmão de José Genoino, foi preso pela PF no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde embarcaria para Fortaleza levando cerca de R$ 500 mil, dos quais US$ 100 mil escondidos na cueca.

Mesmo não havendo qualquer vínculo pessoal com Genoino, a pressão sobre ele tornou-se insuportável e o ex-guerrilheiro acabou entregando os pontos. Como já haviam saído Sílvio Pereira e Delúbio Soares, o Campo Majoritário, tendência ideológica dominante no PT, entrou em ação em consonância com Lula e preencheu rapidamente os espaços.

A presidência ficou com o ministro Tarso Genro, que, dizem, será substituído na Educação por Luiz Dulci. O novo secretário-geral será Ricardo Berzoini, cujo posto de ministro do Trabalho foi entregue ao presidente da CUT, Luiz Marinho. O novo tesoureiro será José Pimentel e para cuidar da comunicação social o indicado foi o ex-ministro Humberto Costa.

Parcela significativa do ministério foi transferida para o diretório nacional do PT, enquanto Lula trata de reconstituir o primeiro escalão, para o qual convidara três integrantes do PMDB (Hélio Costa, nas Comunicações, Saraiva Felipe, na Saúde, e Silas Rondeau, nas Minas e Energia). Escolhas, aliás, não referendadas pelo presidente Michel Temer e governadores da legenda, que sugerem o desligamento dos filiados.

A esquerda petista, de comum acordo, não participou do remendo no diretório nacional, mas reforçou a disposição de disputar, provavelmente em bloco, a eleição dos novos dirigentes nacionais em setembro. O solerte Tarso afirmou que o melhor a ser feito agora é o adiamento do Planejamento de Eleições Diretas (PED), tendo em vista a crucial reunião de todas as forças do partido para o reencontro dos rumos.

Resumo: se Lula logrou em parte despetizar o ministério, por sua vez o diretório nacional do PT passou a servir como ancoradouro temporário de ex-ministros. É o Brasil.

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