Mais quatro casos de suspeita de espionagem foram denunciados hoje no Senado. O senador Romeu Tuma (PFL-SP) informou, em discurso no plenário, que o escritório dele em São Paulo foi invadido na madrugada de hoje. Outros três parlamentares, também em pronunciamento público, anunciaram ter sido vítimas de escuta telefônica: os senadores Álvaro Dias (PSDB-PR), e Paulo Paim (PT-RS) e a presidente nacional do Psol, Heloisa Helena (AL).

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De acordo com Tuma, os invasores não levaram nenhum objeto do lugar. "Mexeram apenas em documentos", afirmou. "Prefiro acreditar que existam interessados em promover um choque entre governo e situação." Segundo o senador do PFL de São Paulo, a polícia do Estado investiga o caso.

Diante de tantos casos de grampos, Tuma, corregedor-geral do Senado, criticou investigadores que teriam banalizado a prática de escuta clandestina. "O grampo existe para auxiliar as autoridades policiais a combater o crime organizado. O que está ocorrendo hoje é a banalização total", protestou.

O senador do PFL disse que a Casa realiza varreduras períodicas nas linhas dos gabinetes. Por isso, Tuma afirmou acreditar ser impossível serem feitas escutas clandestinas no Senado. O senador alertou, porém, para o risco de serem montadas escutas ambientes nos gabinetes. Há cerca de um mês, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) reclamou do vazamento de algumas das conversas dela no gabinete e por telefone, mas a polícia do Senado não detectou nenhum grampo.

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Famosa por suas críticas ácidas ao governo, Heloisa Helena contou que chegou a telefonar para a Polícia Federal (PF) para dar todos seus números de telefone e pedir que, se a PF quisesse ouvir suas conversas particulares, providenciasse uma autorização da Justiça para que fosse grampeada.

Segundo Dias, há um mês um funcionário da empresa Telepar lhe avisou que uma de suas linhas telefônicas, em sua casa no bairro de Água Verde, em Curitiba (PR), havia sido grampeada. Ele disse que não pediu providências da Polícia Federal por entender que novos grampos poderiam ser instalados por funcionários da PF. "Não quis que a PF mexesse nos meus telefones", limitou-se a dizer. Já Paulo Paim afirmou que foi "grampeado", mas não levantou suspeitas sobre quem poderia ser responsável pela prática criminosa.

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Para o senador Pedro Simon (PMDB-RS), a escuta telefônica clandestina se tornou tão corriqueira que chegou ao ponto de profissionais do ramo oferecerem o serviço ilegal sem o menor contrangimento. Ele disse que uma pessoa cujo nome não revelou já lhe ofereceu serviços para "grampear" algum adversário. "Tudo ficou tão fácil que uma pessoa veio falar comigo oferecendo para grampear alguém. A pessoa chegou e perguntou: você quer grampear alguém?", disse Simon, informando que recusou a oferta.