A Associação Nacional de Médicos Peritos da Previdência (ANMP) estimou nesta quinta-feira (31) que mais de 90% dos profissionais cruzaram os braços e suspenderam o atendimento nas agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em todo País no primeiro dia da paralisação nacional de advertência da categoria. Os médicos peritos decidiram paralisar as atividades nesta quinta e sexta-feira em protesto pela morte do perito José Rodrigues de Souza, de 60 anos, assassinado na terça-feira com um tiro na cabeça por um segurado em Patrocínio (MG).
O primeiro dia da mobilização foi marcado por um bate-boca envolvendo os dirigentes da ANMP e o ministro da Previdência Social, Luiz Marinho. A ANMP ameaça deflagrar uma greve para pressionar o governo a tomar medidas que garantam a segurança dos profissionais. Um dos argumentos para a paralisação de dois dias foi a negativa de Marinho em atender a uma reivindicação da entidade: um pronunciamento em cadeia de rádio e TV em que o ministro se comprometeria com a segurança da perícia médica e esclareceria a população do papel do profissional dentro do INSS.
Pela manhã, Marinho concedeu entrevista a rádios e criticou o movimento, afirmando que esperava que os médicos peritos não fizessem a "bobagem" de paralisar o atendimento à população. O ministro afirmou também que "uma eventual associação" procurava tirar "proveito político" e ganhar "representatividade" em cima de uma "tragédia".
"Lamento que um ministro de Estado afirme que o que está escrito no artigo primeiro da Constituição Federal seja uma bobagem. É o artigo que trata do direito à vida. Lamento ele enxergar em um protesto de uma categoria, contra a postura do governo frente a uma morte anunciada, como uma bobagem. Esta morte ocorreu porque o governo não cumpriu o seu papel", rebateu o vice-presidente da ANMP, Eduardo Henrique Almeida, para quem Marinho tem sido "muito hábil para acirrar os ânimos".