Pelo menos 22 pessoas morreram em atos de violência por todo o Iraque nesta quarta-feira (27), enquanto os corpos mutilados de 15 supostas vítimas de esquadrões da morte foram descobertos, informou a polícia. Nove dos corpos foram retirados do Rio Tigre e levados a um necrotério na cidade de Kut, 160 quilômetro a sudeste Bagdá. Tinham os olhos, mãos e pés arrancados e sinais de tortura. O corpo de um civil que havia sido seqüestrado ontem também foi levado ao mesmo necrotério depois de ter sido encontrado em uma área industrial da cidade. Mais tarde, cinco cadáveres decapitados e descobertos às margens do Tigre na altura de Suwayrah, 40 quilômetros ao sul da capital, também foram levados à mesma morgue.
Em Bagdá, cinco pessoas morreram e seis ficaram feridas na explosão de um carro-bomba que estava estacionado próximo a um posto de gasolina num bairro do sul da cidade. Após as orações vespertinas na mesquita sunita de al-Mashahda, no bairro de Huriya, norte da capital, 10 pessoas foram mortas e 11 ficaram feridas numa troca de tiros entre bandos armados ocorrida próxima ao templo.
Mais cedo, o capitão Jameel Abbas, da Divisão de Crimes de Bagdá foi morto quando uma bomba escondida em seu carro explodiu às 8h30 (horário local), segundo a polícia. A detonação também feriu um transeunte. Outras seis pessoas – entre civis e militares iraquianos – morreram em diversas ações violentas através do país.
Nesta quarta-feira, o comando americano informou a morte em ação de um fuzileiro e um soldado na segunda-feira na província de Anbar. Outro soldado americano foi morto nesta quarta-feira em Bagdá num ataque a tiros contra sua patrulha. Também nesta quarta-feira, soldados americanos mataram oito pessoas – quatro delas mulheres – depois de um ataque a tiros contra uma casa que supostamente abrigava terroristas, de acordo com o comando militar dos Estados Unidos no Iraque.
Entretanto, parentes dos mortos negaram que eles tivessem qualquer ligação com o terrorismo. "Foi um ato criminosos dos soldados americanos contra os cidadãos iraquianos", disse Manal Jassim, que perdeu seus pais e outros familiares no ataque. A maior organização clerical sunita do Iraque, Associação dos Acadêmicos Muçulmanos, considerou o ato um "massacre terrorista".
O ataque, ocorrido em Baqouba, 60 quilômetros a nordeste de Bagdá, ocorre num momento em que uma nova pesquisa do Departamento de Estado dos EUA indica que grande maioria dos iraquianos quer uma retirada imediata das forças americanas do país árabe.
Ao mesmo tempo, o porta-voz dos militares americanos no Iraque, major-general William B. Cardwell, disse a jornalistas que houve um "pico" de violência em Bagdá neste início de Ramadã, o mês sagrado muçulmano, que começou oficialmente na segunda-feira. Os ataques suicidas atingiram o maior nível de todos os tempos, afirmou o porta-voz, sem, no entanto, fornecer cifras.