Denúncias recebidas pelo Comitê Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes indicam que 60% dos casos de violência contra crianças e jovens são abusos sexuais cometidos por parentes ou pessoas próximas.
De acordo com a secretária-executiva do órgão, Neide Castanha, a parcela restante é de exploração comercial de sexo. O Comitê foi instalado em 2002 e reúne representantes dos ministérios, do Legislativo e da sociedade.
Ela participou, nesta quarta-feira, da Consulta Nacional Sobre Violência Contra a Criança e o Adolescente, evento promovido pelo Unicef em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Segundo Neide, medir a extensão desses abusos sexuais é um desafio em todo o mundo, por "se tratar de um assunto muito privado, das relações familiares, onde qualquer revelação seria uma invasão a esse domínio. Por outro lado, a própria tolerância e arbitragem da sociedade, que ainda não considera isso um crime, uma violação dos direitos humanos, mas uma circunstância da relação inter-pessoal".
Ela afirma que há uma tentativa de criar mecanismos para quantificar essa violência. "A análise indica que a situação (no Brasil) é muito grave e em todos os cantos, nas cidades e na zona rural".