Maior demanda e reajuste da gasolina devem forçar alta do álcool

O aumento na demanda pelo álcool hidratado – de 20%, em relação ao mesmo período do ano passado – a aproximação do fim safra canavieira do Centro-Sul do Brasil e o reajuste de até 10% nos preços da gasolina nos postos devem puxar o preço do combustível renovável, de acordo com o setor produtivo.

"A safra de cana segue o ciclo normal e, a partir de outubro ou novembro, até março, durante a entressafra, a oferta cai e o preço naturalmente sobe", disse o consultor e presidente da Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool do Ministério da Agricultura, Luiz Carlos Corrêa Carvalho.

De acordo com Carvalho, o limite para o aumento do preço do álcool é até a paridade de 65% do preço cobrado pela gasolina nos postos, que, em algumas cidades, chega a 40%. Os aumentos no álcool combustível são graduais e a paridade máxima com o preço da gasolina deve, segundo Carvalho, ocorrer só até o começo da próxima safra, em março ou abril de 2006.

"A partir daí a demanda pelo álcool cai, normalmente já há o início da próxima safra e o preço do combustível volta a recuar, em razão do aumento da oferta", afirmou.

Já o empresário Luiz Guilherme Zancaner, presidente da Usinas e Destilarias do Oeste Paulista (Udop), lembrou que a demanda mensal total de álcool na região Centro-Sul – somados hidratado e anidro misturado à gasolina – está próxima a 1,1 bilhão de litros, ante 900 milhões no mesmo período de 2004.

Para Zancaner, o aumento do preço da gasolina e a estabilidade do preço do álcool incentivam a prática do rabo-de-galo, que é o abastecimento com álcool hidratado de veículos a gasolina. "Isso cria uma demanda extra pelo álcool que nós (usineiros) não conseguimos mensurar", disse Zancaner. "Mas acredito na recuperação dos preços do álcool", completou.

A Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool estima que a demanda gerada pelo rabo-de-galo seja de 1,7 bilhão de litros por ano, ou cerca de 10% de toda a produção nacional. A União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica) informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a tendência é mesmo de um reajuste nos preços do álcool nas usinas, como sempre ocorre nesta época, em virtude do aumento na demanda e redução na oferta.

A Unica salientou ainda que a oferta do combustível na safra 2005/2006 é bastante ajustada com o mercado consumidor.

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