Em um acidente doméstico, o ex-pugilista Adilson Maguila Rodrigues, de 47 anos, teve parte do dedo anular amputado e uma fratura exposta no dedo médio ? ambos na mão direita. Na noite de sexta-feira, Maguila feriu-se em sua máquina de cortar capim em sua chácara. Está hospitalizado no Hospital Santa Marcelina de Itaquaquecetuba.
De férias da escolinha de boxe em que dá aulas, o ex-pugilista tirou alguns dias para descansar. "Eu adoro cuidar dos meus animais. À noite fui cortar capim para o cavalo quando a máquina parou de funcionar. Fui tentar arrumar a correia e ela voltou a funcionar, decepando meu dedo e machucando o outro", contou Maguila.
Ainda assim bem-humorado, Maguila afirmou que mesmo se ainda lutasse a perda de parte do dedo não seria prejudicial à carreira: "De jeito nenhum. Perdi um pedaço do dedo, fiquei 50 gramas mais leve e agora a mão vai fechar com mais facilidade. Todos os dedos são importantes no boxe, mas o mais importante é o polegar."
O veterano do boxe manteve a pose de "machão" e garantiu que em nenhum minuto se apavorou após o acidente. "Vi que meu dedo tinha ‘esfarelado’ e o outro estava todo machucado, mas fiquei calmo. Foi o caseiro que ficou mais nervoso na hora. Eu não me impressiono com sangue ? nem com o meu nem com o dos outros ?, se passasse mal com isso, nem seria lutador de boxe", assinalou.
Quando viu o sangue escorrendo, Maguila enrolou uma toalha na mão e aceitou que o caseiro o levasse até o hospital de Itaquaquecetuba. "Nunca tive nenhum outro acidente desse tipo. Mas não tenho medo, não. Meu nome é trabalho e meu sobrenome é hora extra. Gosto de fazer esses trabalhos na chácara e não vou deixar de fazer. Quando voltar, é lógico que vou cortar capim para o meu cavalo, com a mesma máquina."
Atualmente, Maguila dá aula para 300 crianças na Vila Olímpica, em Guarulhos. "Estamos de férias. Voltamos depois do Carnaval. Temos 600 crianças inscritas. A minha parte eu faço. Conseguiria dar aula mesmo com a mão enfaixada, não tem problema", declara, enquanto se levanta da cadeira e simula a movimentação e os golpes do boxe. "Aqui é só trabalho, mas também gosto muito de montar a cavalo. É o meu ‘relax’", brinca.
Longe dos ringues, o ex-pugilista não acompanha mais o boxe mundial de perto. "Vejo quando passa alguma coisa na televisão, mas agora é só pay-per-view. O boxe brasileiro está nocauteado, está na UTI desde que eu parei de lutar, se você quer saber a verdade", disse, enfático.
Nem ‘Popó’ escapou – Sobrou até para Acelino "Popó" Freitas: "O boxe no Brasil foi bom quando teve o Éder Jofre e depois eu. Hoje não tem mais pugilista bom aqui. O Popó? Ele fala muito e luta pouco. Não vejo nenhuma raça nele, nenhuma vontade. Quem não conhece boxe acha que luta bem, mas quem lembra dele apanhando daquele norte-americano (Diego Corrales, em 2004, quando perdeu o título dos leves da Organização Mundial de Boxe) sabe que ele não teve garra. Esse negócio de treinar lá fora é coisa para inglês ver. Treinar aqui ou lá no Exterior dá na mesma."
Foi um pulo para o ex-atleta também criticar o governo: "Não gosto de política, nunca fui de gostar. Toda vez me convidam para sair como candidato para muitas coisas. Meu negócio é esporte. O boxe no Brasil tem jeito. Seria fácil organizar com pessoas que entendem. O que não falta aqui é material humano. O governo podia ajudar de alguma maneira."
Sem a transmissão de lutas de boxe na tevê aberta, Maguila se contenta em assistir aos jogos do Corinthians. "Eu gosto de tudo quanto é esporte, seja futebol, vôlei, ou outros esportes que tenham algum brasileiro. Sou corintiano e gosto muito de ver futebol na tevê. O que realmente não gosto é de ver toda aquela violência quando tem briga de torcidas."