Depois de analisar a atuação de árbitros no esquema de manipulação de resultados no futebol brasileiro, os promotores José Reinaldo Carneiro de Bastos e Roberto Porto, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) abriram uma nova linha de investigação.
Ele contaram nesta quinta-feira em audiência pública na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara de Deputados, que pretendem apurar a pressão de dirigentes sobre árbitros para manipular resultados de partidas.
Os promotores disseram ainda que o esquema de fraude no futebol "é mais antigo e amplo" do que se pensava anteriormente e que há mais árbitros envolvidos. Veja os principais trechos das declarações dos promotores:
Mais antiga e mais ampla: O promotor de justiça Roberto Porto afirmou que o esquema de manipulação de resultados no futebol brasileiro não é recente. Ele disse que o empresário Vanderlei Pololi, um dos envolvidos no escândalo, é "conhecido como corruptor de árbitros há mais de dez anos".
Porto revelou ainda que Pololi não agia só entre árbitros, mas mantinha contatos com dirigentes e jogadores para influenciar resultados de partidas.
Outros árbitros
Roberto Porto revelou que o Ministério Público de São Paulo suspeita do envolvimento de outros árbitros de futebol na chamada "Máfia do Apito". José Reinaldo Carneiro, por sua vez, afirmou que as revelações feitas ontem pelo empresário Nagib Fayad na CPI dos Bingos ? de que o árbitro Heber Roberto Lopes também poderia estar envolvido no esquema de manipulação de resultados ? foram omitidas ao Ministério Público e à Polícia Federal.
Apesar disso, o promotor considera que a suposta participação não está vinculada à chamada "Máfia do Apito", mas a outras irregularidades relacionadas a dirigentes do futebol brasileiro, que teriam "outros interesses" além das apostas eletrônicas.
Jogo duplo
José Reinaldo Carneiro afirmou que o ex-árbitro Edilson Pereira de Carvalho pode ter feito "jogo duplo" na fraude de manipulação de resultado em partidas de futebol. Para o promotor, Edilson recebia dinheiro da "Máfia do Apito" para provocar determinada situação, mas também apostava por conta própria. Se os resultados não fossem semelhantes, o ex-árbitro criava alguma justificativa para ficar com o dinheiro da "máfia".
Segundo Carneiro, "Máfia do Apito" cooptava preferencialmente árbitros que jogavam "compulsivamente" em bingos e que estavam endividados, como foi o caso de Edilson.