Para garantir controle total sobre os acertos fraudulentos, a máfia das obras públicas, que segundo a PF era comandada pela Construtora Gautama, tentou incluir o Tribunal de Contas da União (TCU) em seu raio de ação. No esquema, a empreiteira teria alguns deputados como aliados no trabalho de pressionar os ministros do tribunal, que são sempre indicados pelo Congresso. A idéia era tirar proveito dos favores e propinas pagas por emendas parlamentares ao Orçamento, numa relação que levasse os políticos a cobrar boa vontade do TCU na hora de fiscalizar as obras públicas tocadas pela Gautama.

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Nas escutas telefônicas gravadas pela PF com autorização judicial, a empreiteira também aparece fazendo articulações para cima do Ministério da Integração Social, de Geddel Vieira Lima. Em uma delas, Zuleido Veras, dono da Gautama, conta a João Alves Neto, filho do ex-governador de Sergipe João Alves (DEM), que foi à posse e comemora a chegada de Geddel à Esplanada dos Ministérios: ?Não é todo o dia que você tem um ministro baiano e amigo.? Outro ministério na mira da Gautama, como mostra o inquérito da Operação Navalha, era o de Márcio Fortes (Cidades).

As escutas indicam que o deputado Paulo Magalhães (DEM-BA), sobrinho do senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), fazia lobby para a Gautama. Com Zuleido, ele conversa sobre decisão desfavorável à empreiteira dada pelo ministro do TCU Ubiratan Aguiar. O empreiteiro orienta Magalhães a dar um pito no ministro, sugerindo o que falar. ?Olha, meu amigo, não faça mais isso com a gente não, que a empresa é minha. Pode dizer assim?, frisa. ?Lógico, não vou dar atestado a ele não?, responde Magalhães. O deputado nega envolvimento com o esquema. ?Vou mostrar a minha inocência?, disse ele.

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