Máfia da Furacão queria influenciar até o STF

A máfia do esquema de venda de sentenças no Judiciário prometia influenciar até mesmo a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ellen Gracie. Os documentos do inquérito da Polícia Federal têm indícios apontando que o advogado Virgílio Medina, irmão do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Paulo Medina, funcionou como uma espécie de coordenador da tentativa de influenciar a ministra Ellen Gracie.

Virgílio Medina chegou a apresentar como intermediário da presidente do Supremo para os integrantes da máfia. A assessoria da ministra informou que a ela não vai comentar a suposta manobra do advogado porque o processo corre em segredo de Justiça. O fato é que as decisões de Gracie, à frente do STF, acabaram desagradando os empresários dos bingos e juízes que participavam da máfia.

Mas em conversas telefônicas gravadas pela Polícia Federal (PF) com autorização da Justiça, e que integram o inquérito que deu origem à Operação Furacão, Virgílio e o empresário Jaime Garcia discutem uma maneira de se aproximar de Ellen Gracie. Jaime afirma: "Se conversasse com ela (que para a PF seria Ellen Gracie) em relação à competência… ela acata a decisão… isso é questão de competência." E Virgílio responde: "Ela vai levar… pra mim… recorrer dessa decisão para ela."

Em seguida, de acordo com o inquérito da PF, ao ser indagado por Jaime se realmente acha que Ellen Gracie poderia intervir, Virgílio Medina diz: "Vai levar a decisão… pagaria a pessoa jurídica, pagamento em conjunto, eu acho que esse não é um valor inviável, agora esse valor eu acho razoável e eles vão entender, a gente pode explorar, eu acho que… questão, vamos fazer isso, então o valor é …

Em outro trecho do grampo telefônico, Virgílio reafirma. "Ela pode reconsiderar. Eu acho que ela vai julgar o agravo e vai dar." Em outra parte do inquérito de 2.878 páginas ao qual o Estado teve acesso, há mostras, segundo a PF, da insurgência do grupo quanto à decisão de Ellen Gracie e fica evidente o objetivo da organização criminosa investigada de se concentrar na resolução dos problemas dos bingos e "maquineiros" no âmbito dos tribunais superiores.

Ao longo da investigação da PF, fica claro que a ministra Ellen não atende aos interesses da máfia do jogo. Durante os grampos telefônicos, integrantes da máfia xingam a ministra. Em um trecho, um homem identificado como Sérgio Luzio Marques Araújo reclama de uma decisão da ministra contrária aos interesses do grupo. "A filha da p. da Ellen Gracie cassou a decisão das nove empresas", diz.

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