Anos 60s Ao sair de casa reparei que alguém pregara alguns cartazes nos postes da Praça do Expedicionário. Eram cartazes pequenos com a fotografia de uma mulher de seus 50 anos, e o aviso de ?procura-se?. Havia também um número de telefone para o caso de alguém ter alguma informação.
Dias depois, um jovem dirigindo um carro acercou-se de uma moradora do bairro, identificou-se como filho da mulher desaparecida. Parecia muito preocupado. Os meses foram passando e, só depois de mais de um ano, a mãe reapareceu: farta da prepotência dos filhos já adultos, ela fugira para São Paulo e, lá no bairro do Morumbi, empregara-se como governanta em uma daquelas mansões… Ela voltara apenas por uns dias. Estava de férias!
Anos 80s Tempo de campanha eleitoral. Deixei-me envolver pelo entusiasmo e parti em campanha em favor de um determinado candidato. Nas minhas andanças conheci o Jardim Paranaense. Batendo de porta em porta tomei conhecimento de mais uma mãe que fugira dos filhos adultos. Dois lotes haviam sido comprados por aquela senhora já a alguns anos. Ela também, não suportando mais a dominação dos filhos, fez construir uma casinha de madeira e, mesmo sem luz nem água corrente, refugiou-se naquele exílio voluntário. Uma senhora de aparência bem tratada destoava daquele ambiente.
Já estamos no ano 2000. Ele, empresário de sucesso, correto, era ?uma verdadeira mãe? para os filhos, um tanto mandão com a esposa, mas sempre correto. A viuvez aconteceu inesperadamente. Foram anos de solidão. Os filhos preocupados, aliás, mais ciumentos que propriamente preocupados, passaram a tutelar o pai e ele, muito espertamente, de vez em quando dá uma escapada para o exterior, quase sempre acompanhado de alguma mulher mais jovem, e os filhos se fazem de sonsos…
Margarita Wasserman – Membro do I. H. e Geográfico do Paraná.