Professor de Ética e Política da Unicamp, Roberto Romano acha que os nossos parlamentares confundem democracia com ?casa-da-mãe-joana?. A expressão é popularmente conhecida e significa entender que num determinado lugar ou instituição vale tudo, desde o freqüente rompimento de regras, desrespeito aos direitos dos outros e falta de decoro no trato com aqueles a que se está ligado.

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Na democracia, essa conturbação acontece nos parlamentos, porque estes são colegiados onde convivem e devem trabalhar juntos, mesmo que se colocando em posições distintas, os representantes do povo, seus mandatários. O voto que cada cidadão deu a um deputado ou senador é uma procuração para que o represente num poder que legisla e fiscaliza os atos de governar o país. Assim, o deputado representa o cidadão e seu conjunto, o povo. O desrespeito aos mandatos, às normas que os regem, os interesses públicos que se tem por obrigação defender e as leis que são de sua guarda e feitura, significam desrespeito aos mandantes, o povo, além de sê-lo em relação aos pares.

Na opinião do professor, esse comportamento de ?casa-da-mãe-joana? é conseqüência de falta de educação política. Acrescenta que ?a ética e o decoro são feitos para definir os limites do ato do poder. Por que um deputado e um senador são chamados de excelência? Porque são representantes do excelente, que é o povo, soberano. O povo concede a esses senhores a representação de si mesmo?.

Acrescenta o professor de Ética e Política que ?quando alguém se dirige a um representante do povo com palavras de baixo calão, está xingando o povo. Isso tudo é muito grave, porque mostra que essas pessoas se julgam autônomas em relação ao povo, e não representantes dele?. Mas Roberto Romano não nos deixa muitas esperanças, pois considera que o clima de degradação vai continuar, ?porque o problema é de educação política democrática?.

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Apesar de se estar tentando assar uma pizza que seja degustada por situação e oposição, abafando a crise política e ética que circunda e até atinge o Executivo e o Legislativo, alguns parlamentares, à beira de um ataque de nervos, ainda abusam, como se estivessem numa ?casa-da-mãe-joana?. Nas últimas semanas, o que vimos foi dois deputados oposicionistas, um dizendo estarem ameaçando sua família e outro, reclamando contra grampo em seus telefones, declararem que darão uma surra no presidente Lula, se tais fatos continuarem.

Nas comissões parlamentares de inquérito, na de Ética da Câmara e onde quer que a crise esteja sendo investigada e debatida, surgem imprecações de parlamentares contra parlamentares e até troca de safanões. Além dos grampos, que atingiram até o presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios, há também a denúncia da deputada federal do PT Angela Guadagnin, que recebeu telefonema anônimo, espalharam que teria sido seqüestrada e ela interpretou o episódio como uma ameaça.

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A falta de ética política criticada pelo professor universitário especializado é demonstrada tanto por deputados e senadores, principalmente por aqueles, tanto da situação quanto da oposição. Assim, o povo, o eleitorado, os mandantes e a democracia estão sendo maculados, sofrendo desrespeito constante, como se não bastasse o que já se sabe que fizeram, desviando ou embolsando dinheiros públicos.