A viabilizar-se uma candidatura do PT à sucessão de Lula e ser seguida a vontade do presidente, parece certo que o nome indicado será o da ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil. Será a primeira vez, desde a redemocratização do País, que o próprio Lula não será candidato. Ele parece firme no propósito de não alterar as regras do jogo avocando-se o direito a um terceiro mandato. Destarte, fica à mercê dos acordos políticos e amarrado por compromissos resultantes do entendimento de partidos e forças políticas que formam, como um condomínio, o seu governo. Aí, parece amarrado à ala situacionista do PMDB, que exige o privilégio de indicar o nome do candidato situacionista. Esse direito tem sido freqüentemente afirmado, mas do PMDB não desponta nenhum nome.

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Ciente de que é o maior cabo eleitoral do País, Lula sonha ainda com uma candidatura petista. E, ao que tudo indica, seu nome preferido é o de Dilma Rousseff, sem dúvida detentora do maior poder entre o sem-número de ministros e membros do primeiro escalão do governo.

Essa intenção ou sonho foi confirmado na visita que Lula acaba de fazer a favelas do Rio de Janeiro, sob forte aparato de segurança, quando repetiu sua opção pelos pobres e não deixou de apontar forças adversárias como avessas às camadas menos aquinhoadas da sociedade. No Complexo do Alemão e, posteriormente, na favela de Manguinhos, Lula chamou Dilma de ?mãe do PAC?, atribuindo-lhe a principal responsabilidade pelo Programa de Aceleração do Crescimento. O PAC é a grande plataforma do governo e embasa suas pretensões de fazer o sucessor de Lula.

Nas duas oportunidades, o presidente da República, além da citação à ministra e à maternidade do PAC que lhe atribui, fez com que ela fosse destacada do grupo que o acompanhava, tomando um lugar privilegiado no palanque. Assim, exibiu de público a suas preferência.

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Na realidade, a ministra Dilma Rousseff tem sido o nome forte do governo, tendo se mantido à frente de várias batalhas, inclusive as que envolveram José Dirceu. Se verdadeiras as notícias das refregas intestinas de governo das quais teria participado, fica evidente que não é só o nome da preferência de Lula, mas também a personalidade mais forte do Planalto.

Lula já disse que o candidato situacionista seria o que se apresentasse com condições de conquistar nas urnas a maioria dos votos. Aí, para viabilizar a candidatura de Dilma Rousseff, teria de jogar sobre ela toda a sua própria popularidade como presidente e maior cabo eleitoral do situacionismo. E driblar os problemas que se criariam para a formação e manutenção de uma frente aliada na qual o PMDB não teria o poder de indicar um nome de seus quadros para a sucessão.

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Há ainda nesse confuso quadro sucessório a candidatura de Aécio Neves, do PSDB, que mesmo insistindo que não deixará o seu partido, avança sobre as forças situacionistas buscando aproximações que possam viabilizar o seu nome com o beneplácito do situacionismo.

A candidatura Dilma Rousseff, apesar das dificuldades e empecilhos, tem algumas vantagens que podem obter respostas positivas nas urnas. É mulher e nunca este País teve presidente do sexo outrora fraco. Isso quando se multiplicam, mundo afora, chefes de Estado de saia. E mesmo no Brasil já há um dos três Poderes da República, o Judiciário, sob a presidência de uma mulher, a ministra Ellen Gracie.

No que toca à competência, parece haver unanimidade no Planalto de que ela é o nome mais ágil e talvez o mais forte, o que tem provado no exercício de suas funções.

As manifestações de Lula chamando Dilma de ?mãe do PAC? não deixam dúvidas: se puder, o presidente Lula a indica para sua sucessão. O problema é que, nesta sucessão, apesar de sua indiscutível popularidade, Lula não tem todas as necessárias cartas no baralho.