O deputado federal Abelardo Lupion (PFL-PR) disse nesta quinta-feira (21) que se dedicará, no próximo mandato, à tarefa de "destruir" o Movimento dos Sem-Terra (MST) e outras entidades que, segundo ele, agem à margem da lei. Desde segunda-feira, cerca de 300 integrantes da Via Campesina, formada por várias entidades que têm a reforma agrária como lema, estão acampados às margens da BR-153, a quatro quilômetros da entrada da Fazenda Santa Rita, em Santo Antônio da Platina, no norte do Paraná, que pertence ao deputado. "Já fiz o possível, agora farei o impossível", acentuou.
Membros da Via Campesina concederam entrevista na sede da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Curitiba. Segundo eles, é "estranho" que um deputado da bancada ruralista compre uma fazenda da multinacional Monsanto, exatamente no período em que se discutia a liberação do uso do glifosato como herbicida pós-emergente na cultura da soja geneticamente modificada. Eles também afirmaram que há "suspeitas" de caixa dois na campanha de Lupion em 1998.
"O processo está parado no Supremo Tribunal Federal (STF)", afirmou Rogério Nunes, da Via Campesina. "Estamos lançando uma campanha para apuração das denúncias." O representante da Coordenação de Movimentos Sociais, Gustavo Ervin, disse que a entidade pretende coletar assinaturas em todo o Brasil pedindo que a Procuradoria Geral da República, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional façam a apuração. Segundo a Via Campesina, há representações contra Lupion na Câmara e processo no STF.
O deputado nega todas as acusações e apresenta certidões negativas de ambas as casas em relação a processos contra ele. "As representações não passam da Corregedoria, porque não há objeto", afirmou. "No STF não passou da preliminar", completou. "Não há do que me defender." Sobre a fazenda, tanto ele quanto a Monsanto disseram que a compra foi acertada em 1999, ainda quando pertencia à Agroceres Sementes, mais tarde incorporada à Monsanto. A última de três parcelas foi paga no ano passado, com a entrega da escritura.
Os integrantes da Via Campesina disseram que a manifestação não é oportunista. "É claro que no atual contexto (campanha eleitoral) repercute mais", disse Diego Moreira, um dos coordenadores do acampamento.