Lula volta a falar das dificuldades da Rodada Doha

Em entrevista após o encerramento da reunião entre Brasil, Índia e África do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a falar das dificuldades de concluir a Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC). "O acordo é difícil porque você mexe com interesses da economia de cada país", disse o presidente, que ressaltou ainda que "nós temos de ter paciência e temos de trabalhar muito fortemente, porque, quanto mais nós trabalharmos mais chance nós teremos de ter a Rodada Doha concluída com benefícios para os países mais pobres".

Embora reconhecendo que as pessoas, muitas vezes, ficam "angustiadas", pela demora na conclusão das negociações, o presidente Lula explicou que as discussões estão "no caminho certo". Lula aproveitou ainda para falar da sua alegria com a realização da reunião do G-20, no Rio de Janeiro, que considerou "muito importante". Segundo ele, o fato de primeiro ser realizada uma reunião do G-20 ampliada – porque a União Européia os Estados Unidos e o Japão pediram para participar – logo em seguida, fazer a reunião do Fórum Ibas (Índia, Brasil e África do Sul), "é uma demonstração de que o mundo caminha com muita força para que a gente tenha uma reversão na geografia comercial do mundo".

De acordo com o presidente, esta geografia comercial que se busca é para que se "distribua corretamente a riqueza que nós conseguimos comercializar, para que se dê oportunidade aos países mais pobres de colocar os seus produtos agrícolas nos mercados dos países desenvolvidos e que permita, de uma vez por todas, que o subsídio agrícola seja extirpado da agricultura no mundo inteiro porque, senão, os países pobres não terão nenhuma chance de ser competitivos".

Depois de avisar que "o Brasil não depende de favores na agricultura" porque tem poder de competitividade, o presidente Lula salientou, ainda na entrevista, que "o Brasil depende que os países ricos façam concessões aos países mais pobres". E completou: "eu acho que nós estamos tendo um sucesso e o mundo está compreendendo que não pode continuar do jeito que está porque, senão, como é que vamos combater a miséria e a fome para atingirmos as metas do milênio que nós próprios decidimos? Como nós vamos evitar o terrorismo, se nós não acabamos com uma das chagas da humanidade, que é a miséria absoluta nos países pobres? Então, eu penso que foi um sucesso a reunião e quero parabenizar o Celso (Amorim, ministro das Relações Exteriores)".

Lula encerrou a entrevista avisando que naquele momento deixava de ser presidente da República e estava seguindo para o Rio de Janeiro para fazer campanha.

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