O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai pregar, em discurso que fará no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, a “globalização solidária” e pedir aos investidores e chefes de Estado, em especial os de países ricos, que restabeleçam e ampliem as linhas de crédito oferecidas ao Brasil.
Esse será o eixo do discurso a ser apresentado no dia 26 por Lula no encontro de Davos – o mesmo que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sustentou em praticamente todos os seus discursos oficiais fora do País no seu segundo mandato.
Ao defender a volta dos empréstimos ao Brasil, o presidente Lula apresentará dados positivos da economia interna registrados desde a sua posse, como a valorização do real e a queda do risco Brasil. Mostrará, no discurso, que a economia brasileira está se recuperando e chegará ao fim do ano acumulando outros resultados positivos.
Lula decidiu fazer em Davos um discurso com o mesmo conceito do que será lido por ele no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, dois dias antes do encontro na Suíça. A defesa da “globalização solidária” – definição de uma ordem mundial em que a preocupação com o social deve ser um dos centros das prioridades dos países – é o principal foco político do Fórum Social, encontro lançado há três anos em oposição à reunião de Davos.
“O discurso de Lula em Davos será a expressão do ideário de Porto Alegre, pregando a globalização solidária, que é a defesa de uma política na qual os valores humanos estão acima dos valores de mercado”, disse um auxiliar do presidente.
Adotando essa linha, Lula pretende mostrar aos que questionaram sua presença em Davos que ele precisa participar de todos os fóruns internacionais justamente para defender uma nova ordem mundial.
Representantes da comissão organizadora do encontro de Porto Alegre criticaram a ida de Lula a Davos. Em resposta, ele disse, por meio do porta-voz André Singer, que, na qualidade de presidente, tem o dever de participar de todos os fóruns que lhe dessem espaço. “Para defender os interesses do Brasil e, também expressar o seu ponto de vista a favor dos projetos econômicos e sociais que visem diminuir a distância entre os países ricos e os países pobres.”
Essa será a terceira edição do Fórum Social. Lula marcou presença nos dos dois últimos encontros, em Porto Alegre.
Pela agenda do Planalto, ele estará no Rio Grande do Sul no dia 24 e, na mesma data, embarcará para Paris, de onde seguirá para Davos, Alemanha e França. Em Berlim, ele se encontra com o presidente da Alemanha, Johannes Rau, e, à noite, participa de um jantar de trabalho com o primeiro-ministro daquele país, Gerhard Shroeder, na residência do chanceler.
No dia seguinte, deverá reunir-se com o presidente da França, Jacques Chirac. O esboço dos textos a serem lidos em Davos e em Porto Alegre seria apresentado a Lula hoje para os arremates finais.
Rigotto
A uma semana no início do Fórum Social Mundial, o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), decidiu que vai pedir aos organizadores do fórum que mantenham o evento em Porto Alegre em 2004. A intenção foi manifestada hoje, quando Rigotto ficou sabendo da provável transferência do fórum para Hyderabad, na Índia.
O sindicalista Carlos Alberto Grana, secretário-geral da CUT, uma das oito entidades que formam o Comitê Brasileiro do Fórum Social Mundial, disse que há uma clara preferência pela internacionalização do evento e que a Índia deverá ser confirmada como sede de 2004. A idéia é revezar a capital gaúcha e outras cidades do mundo como sedes do evento.