O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu para abordar na publicidade eleitoral gratuita da noite de hoje na TV um tema menos popular do que saúde e educação: tecnologia. "Sempre soube que para o Brasil crescer da maneira certa era preciso integrar avanço social, econômico e tecnológico", afirmou, na fala inicial
Lula disse que o governo está baseado nesse tripé e que os resultados já aparecem. "Nossa produção científica avança." De acordo com ele, é preciso que os setores público e privado invistam mais em infra-estrutura e pesquisa.
Lula prometeu estimular parcerias com o setor privado na área tecnológica. "O Brasil tem tudo para olhar o futuro com mais confiança", declarou.
Mas a publicidade eleitoral petista começou criticando, indiretamente, o candidato a presidente Geraldo Alckmin (PSDB). O locutor da TV anunciou, logo na abertura: "Começa agora o programa do candidato que não agride e não calunia, o presidente que, além de ter feito muito para o País, tem as melhores propostas para o nosso futuro.
O candidato da Coligação Por um Brasil Decente (PSDB-PFL), de fato, começou a publicidade batendo em Lula. Alckmin acusou-o de aumentar impostos e prometeu menos tributos e mais investimento em educação.
"Não pode ficar viajando com proposta mirabolante, tem de trabalhar com realismo, com planejamento e melhorando todos os dias", disse acreditar. Assim, o candidato tucano garantiu que, se eleito, porá em prática um projeto nacional de desenvolvimento, que começaria com um plano de obras em quatro grandes áreas: saneamento básico, estradas para escoar produção, casas populares em parceria com Estados e municípios e programa de urbanização de favelas nas grandes cidades.
A partir daí a propaganda eleitoral gratuita do PSDB desfiou uma série de obras que Alckmin realizou, entre elas 7.500 quilômetros de novas estradas, 220 mil casas entregues e 55 mil em construção, 19 novos hospitais, estações de tratamento de água e esgoto e metrô.
O ex-governador de São Paulo apareceu em imagem externa, fazendo um discurso, no qual julgou: "O Brasil não vai crescer se não acabar com essa praga da corrupção e do desperdício.
O candidato de um só tema, Cristovam Buarque (PDT), também atacou o candidato da Coligação A Força do Povo (PT-PRB-PC do B) à reeleição. Ele lembrou que, em 2002, quando era candidato, o atual presidente prometeu 10 milhões de empregos. De acordo com o pedetista, Lula chegou ao fim do mandato e não cumpriu nem metade da meta.
"Agora ele promete uma revolução na educação a partir de 2007. Você acredita nisso?" Mesmo fugindo um pouco do tema educação, o pedetista conseguiu voltar para o assunto, prosseguindo: "O pior é que, se não fizermos uma revolução na educação, não vamos gerar empregos.
Prometeu, para isso, expandir o Centro de Solidariedade ao Trabalhador da Força Sindical, em São Paulo, para cada grande cidade do Brasil. E prometeu, junto com o centro, um projeto de qualificação profissional.
A candidata Heloísa Helena (PSOL), da Coligação Frente de Esquerda (PSOL-PSTU-PCB), preferiu investir contra a "manipulação das pesquisas eleitorais". A propaganda eleitoral da socialista argumentou que ela avança para o segundo turno, que no Rio de Janeiro está em segundo e, no Rio Grande do Sul, teria dobrado a intenção de votos. "Voto útil para o Brasil é o voto em Heloísa Helena presidente", emendou o locutor.
A senadora acentuou que o povo mostra a "invencível disposição" de acabar com a "vergonhosa praga da corrupção" e livrar o Brasil dos "banqueiros delinqüentes". A publicidade ainda pediu dinheiro para a campanha e divulgou o número de uma conta no Banco do Brasil.
Entre os pequenos partidos, o candidato José Maria Eymael (PSDC) voltou a mostrar uma cadeira vazia, dizendo que Lula a deixou. "Por que a saúde não chega e o ensino não tem qualidade? Porque a cadeira está vazia", perguntou e respondeu ele mesmo.
Na galeria dos candidatos a deputado federal, uma sucessão de nomes de fama nacional. Do PT, os deputados Arlindo Chinaglia, Ângela Guadagnin, que dançou em plenário, Devanir Ribeiro ("meu compromisso é com o Estado de São Paulo"), e o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci ("para que o País continue crescendo, precisamos garantir desenvolvimento, estabilidade e geração de emprego").
Do diminuto PTC, o costureiro Clodovil Hernandez continuou a ameaçar. "Essa figura bem educada, que verbaliza direito, não pensem que sou passivo. Pisem no meu pé para ver o que acontece. Não tenho talento para prometer nada, mas tenho talento para denunciar.
Outro que apareceu foi o presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, Ricardo Izar (PTB). "Estamos passando pela maior crise moral da nossa história; a Nação está chocada", aproveitou.