O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, poderá dar, amanhã (7), um passo decisivo em direção à escolha do ministro da Defesa. Lula marcou para as 11h, no Hotel Sofitel, em São Paulo, um encontro com os comandantes do Exército, general Gleuber Vieira; da Marinha, almirante Sérgio Chagastelles, e da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista.
Também está previsto na agenda de amanhã do presidente eleito, para a parte da tarde, um encontro com o embaixador do Brasil na Rússia, José Viegas, um dos nomes cotados para o Ministério da Defesa, que ganhou força nas últimas horas. Especialmente depois que o deputado José Genoino foi totalmente descartado para a equipe ministerial. Viegas conta com o apoio do atual ministro da Defesa, Geraldo Quintão.
Como o presidente eleito terá, ainda na manhã deste sábado, uma reunião com o gerente-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Horst Kohler, a expectativa dos militares é que, enquanto aguardam esta audiência, que já contam que deve atrasar, os comandantes poderão se encontrar com Viegas e conversar durante um bom período com ele.
Viegas não é um nome de agrado dos militares. Isso não quer dizer que não aceitem a indicação ou que irão repeli-lo, se este for o desejo do presidente eleito. O embaixador não tem trânsito entre os militares e não é verdade que ele tenha o apoio deles, disse ontem uma fonte militar.
A visita que Viegas fez aos três comandantes, em Brasília, nas últimas semanas, teve por objetivo fazer uma consulta aos chefes militares. Queria saber se eles tinham alguma coisa contra ele. A resposta foi unânime: não têm nada contra. Mas, ressaltam as fontes militares, isso não quer dizer que os comandantes tenham alguma coisa a favor dele. Muito menos, como chegou a ser divulgado e comentado pelo próprio embaixador, que o apóiem para o cargo.
Os oficiais-generais salientam que preferiam outro tipo de perfil para o cargo e consideram que um político se adequaria melhor ao posto. É o que poderão dizer ao presidente eleito no encontro de hoje. Um diplomata, observam os militares, tem outra formação e está acostumado a não decidir. E é exatamente o que a categoria menos quer nesta hora.
Preferência
Os comandantes não têm a pretensão, mesmo se consultados, de fazer qualquer indicação para o posto. Mesmo porque não sabem como será o formato da reunião para a qual foram convidados e, tão pouco, se o embaixador Viegas estará presente. Pelos sinais emitidos nas últimas horas, consideram que o embaixador estará com eles no encontro. Viegas tem freqüentado o Ministério da Defesa e feito lobby em defesa do seu nome.
Os comandantes se preparam, apenas, para apresentar a Lula, se este perguntar, quais seriam os nomes de preferência dos respectivos altos comandos para os cargos de chefes das tropas. Para a Aeronáutica, o nome mais forte é do brigadeiro Luiz Carlos Bueno. Para a Marinha, o almirante Guimarães Carvalho, e para o Exército, concorrem dois generais: Albuquerque e Jurassek. Não há indicações para o Gabinete Militar da Presidência.