Lula se empenha na procura de coordenador da campanha

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está à procura de um coordenador para sua campanha presidencial. O processo, entretanto, está repleto de idas e vindas. Candidato ao posto, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, surpreendeu anunciando, na última sexta-feira (10), em Moscou, que não vai cumprir a função e pretende terminar o governo à frente do Ministério da Fazenda. Outro nome forte, o ministro da Coordenação Política, Jaques Wagner, também disse que prefere cuidar da própria campanha ao governo da Bahia e afirma que Palocci deve ser o coordenador, tentando escapar da tarefa.

Preocupados com a indefinição, alguns dirigentes petistas avaliam que é preciso clarear esse cenário, mesmo que Lula ainda demore a anunciar oficialmente sua candidatura. Outros políticos importantes, como o governador do Acre, Jorge Viana, também cotado para a função, acham que não é preciso haver pressa nesse processo. O assunto será tratado amanhã (13), na reunião de governadores petistas com membros da Executiva do partido. À noite, eles se encontrarão com Lula.

Por conta disso, caberá ao próprio presidente tentar unificar as duas partes do partido: a que defende o início imediato da campanha e aqueles que preferem adiá-la o máximo possível. No que depender do governador do Acre, Jorge Viana, também cotado para a função, os apressados vão ter de moderar os passos e aguardar até que todas as campanhas, e não apenas a de Lula, estejam nas ruas.

Segundo ele, o momento atual deve ser aproveitado pelo PT na busca de entendimento com eventuais aliados e não para disparar a disputa. "Não dá para querer transformar o presidente em candidato na marra", alegou. "No nosso caso, quem vai ser julgado, não é o candidato Lula e, sim, o governo Lula", diz.

Mesmo pedindo cautela no trato da reeleição, Jorge Viana é intransigente na defesa de dois pontos: o que descarta o nome do ministro Palocci como coordenador de campanha, porque não aceita sua saída do ministério, e a defesa de que, no momento certo, a campanha deve ser coordenada pela direção do PT e não apenas por um nome. "Temos que conduzir uma campanha para o governo e não para o candidato", argumentou.

O ex-ministro da Educação Tarso Genro é, por enquanto, o único que se dispõe abertamente a abandonar a carreira política para trabalhar exclusivamente na campanha pela reeleição de Lula "Estou vivendo de cogitações. Tudo isso que se está dizendo foi realmente cogitado, mas a decisão é exclusiva do presidente Lula e ele ainda não decidiu. Eu estou aguardando sua decisão", disse o ex-ministro.

Tarso já declarou, no Rio Grande do Sul, que não vai tentar a candidatura ao governo do Estado, como da última vez, nem ao Senado, como chegou a ser levantado, porque quer ficar livre para trabalhar na campanha de Lula, mas ele mesmo diz não saber qual será a sua função.

Para o presidente do PT, Ricardo Berzoini, o que existem hoje são especulações feitas fora do partido. "Não há nada. A coordenação precisa estar definida apenas quando a campanha estiver encaminhada", afirmou. "Até lá, o partido tem uma direção constituída que vai tomar as decisões que forem necessárias".

E apesar da dificuldade em reunir governadores e prefeitos sem falar em campanha, Berzoini negou que no jantar de amanhã, que vai comemorar o aniversário do PT, a questão da coordenação de campanha seja discutida. "No jantar vamos apenas jantar. Teremos várias conversas durante o dia, mas não há uma pauta definida", disse.

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