Em plena crise política e sem concluir a reforma ministerial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca amanhã (13) com seis ministros na capital francesa para participar das comemorações do 14 de julho, data nacional da França. Para que a visita de três dias não tenha apenas caráter festivo por conta dos eventos culturais e artísticos relativos ao Ano do Brasil na França, o Itamaraty teve o cuidado de incluir uma série de compromissos oficiais na agenda do presidente. Mas conciliar os interesses em um período de férias francesas e, ao mesmo tempo, dar contéudo e um tom discreto à viagem, consumiram tempo e energia das delegações dos dois países.
O programa oficial só foi divulgado hoje (12) às 15h30 (horário de Brasília). Mesmo assim, os quatro acordos bilaterais previstos para serem assinados na sexta-feira ainda estão em fase de negociação.
Convidado especial do presidente Jacques Chirac, com quem se encontrará na quinta-feira (14), Lula e os ministros ficarão na casa de hóspedes do governo francês, em Marigny, a poucos metros do Palácio do Eliseu.
O primeiro encontro de amanhã será, às 10h30, na Sorbonne, onde vai falar no seminário "Brasil-atual" para um público de intelectuais e estudantes. Em seguida, participa de um almoço de trabalho com empresários brasileiros e franceses, organizado pelo Movimento das empresas da França (MEDET).
Como não houve tempo para atualizar os nomes dos interlocutores, Lula e seus ministros devem ser recebidos pelo ex-presidente do MEDET, Ernest Antoine Selliere, e não por Laurence Parisot, que tomou posse no comando da entidade há uma semana.
Após esse encontro, em que fará o segundo discurso do dia, o presidente vai encerrar o fórum franco-brasileiro das sociedades civis, realizado pela associações das ongs dos dois países. Terminada essa agenda, ele segue direto para a prefeitura de Paris, onde o prefeito Bertrand Delanoë oferece um coquetel para mais de mil pessoas. Alí, poderá medir sua popularidade política, já que foram convidadas figuras expressivas do partido socialista francês que, há dois anos e meio, se entusiasmaram com a posse de um metalúrgico de esquerda no governo do Brasil.
Depois do jantar, também na prefeitura, o presidente acompanhará o socialista Delanoë até a Praça da Bastilha para o famoso baile que é realizado na véspera dos festejos da data nacional. Será uma noite tipicamente brasileira, com apresentação do ministro da Cultura, Gilberto Gil, e de cantores como Lenine, Gal Costa, Jorge Mautner, Jorge Benjor, Seu Jorge, Daniela Mercury e outros. Mas a passagem de Lula será rápida, o suficiente para saudar os músicos e os populares que tradicionalmente lotam a praça.
O primeiro encontro entre Lula e Chirac, que também está passando por uma situação política delicada e com baixa popularidade, está marcado para quinta-feira. Será na cerimônia militar realizada na Place de la Concorde que o Brasil estará outra vez representado com o desfile de 60 cadetes da escola de Agulhas Negras e a exibição da Esquadrilha da Fumaça. Os três comandantes integram a comitiva e ajudaram a preparar a apresentação.
Depois do desfile, o presidente Lula vai ao Palácio do Eliseu se somar aos seis mil convidados de Jacques Chirac para uma recepção nos jardins. Em seguida, visitará o Espaço Brasil, montado no Carreau du Temple, uma estrutura metálica onde funcionava no passado um antigo mercado de roupas. Alí, estão expostas obras de arte popular e contemporânea de artistas brasileiros, também dentro da programação do Ano do Brasil na França. O espaço ficará aberto até setembro.
De volta à casa de hóspedes, Lula receberá um grupo de prefeitos franceses e, à noite, vai assistir ao espetáculo de fogos que encerra as comemorações do 14 de julho. Na sexta-feira encerra sua visita a Paris, quando terá reuniões de trabalho. Toma café da manhã com o primeiro-ministro Dominique de Villepin no Palácio de Matignon.
Depois estará com Jacques Chirac para a assinatura de acordos que ainda estão sendo negociados. A previsão é de que os dois países assinem um protocolo de intenções na área de tecnologia avançada, além de acordos nos setores de cooperação aeronaútica e meio-ambiente.
Mais uma vez os governos vão tentar avançar na construção de uma ponte entre Brasil e Guiana Francesa que nunca saiu do papel. Desta vez, o presidente traz na comitiva o governador do Amapá, mas nenhum outro político está na comitiva presidencial. Antes de ir para o aeroporto no final da tarde, Lula ainda visitará a réplica do 14 Bis no Museu do Ar e do Espaço em Le Bourget.