Pressionado pelo governo e oposição, o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), se reúne hoje às 10 horas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na terça-feira, Renan Calheiros recebeu o ministro-chefe da Casa Civil, José
Dirceu, para um café da manhã em sua residência. Na pauta dos dois encontros: a
situação política no Congresso e, especialmente, a criação da CPI dos Correios.
Segundo interlocutores do governo, Lula entrou no circuito para impedir
a instalação da CPI e seus aliados na Câmara estão autorizados a usar todos os
instrumentos para aprovar o recurso contra a abertura das investigações que está
tramitando na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. A oposição
pretende obstruir os trabalhos na CCJ para adiar a votação do recurso. A
estratégia é ganhar tempo, com o objetivo de forçar o senador Renan Calheiros a
indicar os integrantes da CPI e pôr a comissão em funcionamento, já que a
apresentação do recurso não suspende a instalação da comissão.
Por outro
lado, os governistas atuam na CCJ para garantir a maioria e não correr riscos.
Os líderes estão alterando a composição da comissão, trocando parlamentares que
assinaram o requerimento em favor da CPI por outros que são mais fiéis ao
Planalto. Além disso, estariam tentando fazer manobras regimentais para que o
recurso seja votado apenas no plenário da Câmara.
Isso evitaria o exame
do recurso pelos senadores, onde o governo pode perder já que não tem maioria.
Pressionado pela oposição, Renan Calheiros disse ontem que será isento e
cumprirá as regras regimentais na condução da sessão conjunta do Congresso que
for apreciar o recurso. Ele, inclusive, prometeu ao PFL que fará uma reunião com
todos os líderes da Câmara e Senado para definir o rito da votação. Numa sessão
conjunta, uma matéria que é aprovada em uma casa legislativa é imediatamente
apreciada pela outra. Em caso de rejeição pelos deputados não é submetida ao
Senado, é arquivada.
