Brasília ? Ao participar do lançamento da linha de crédito para caminhoneiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a independência do Banco Central (BC) para decidir sobre a taxa básica de juros da economia (Selic).
"Eu vou me auto-indicar para o Comitê de Política Monetária para atender à demanda do Furlan [ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan], já que eu não participo", disse o presidente.
A afirmação dele referia-se ao discurso do ministro, que hoje (9) voltou a defender mudanças na economia para incentivar o setor produtivo, como a redução da Selic. Cabe ao Comitê de Política Monetária (Copom) a decisão de baixar ou não essa taxa.
Em discurso no mesmo evento, Furlan defendeu a necessidade de o Copom, na reunião do dia 1º de julho, reduzir também a Taxa de Juro de Longo Prazo (TJLP). "Aliás, presidente, lembrar que dia primeiro de julho é dia de baixar a TJLP", disse.
O presidente voltou a comentar as pressões que recebe em relação ao câmbio. "Minha sala é engraçada, parece uma sacristia, porque entra um que exporta e quer o câmbio um pouco mais alto, ele vira as costas, entra um que importa e quer o câmbio mais barato".
Lula reiterou que o câmbio continuará flutuante e que não serão feitas mudanças "nem por decreto, nem por medida provisória e nem por presunção". "Isso será feito com políticas ajustadas entre Tesouro Nacional e Banco Central, porque achamos que é assim que o Brasil vai ter respeitabilidade interna e externa, definitivamente".
Segundo o presidente, o governo tem que ter responsabilidade com a política econômica. "Quando a gente é oposição, a gente pode gargantear, pode blefar", disse. Uma vez no governo, acrescentou Lula, é preciso defender apenas o que é viável de ser executado. "Se a gente prometer fazer e não fizer, o povo compreende logo que você não fez", afirmou. "Vamos aproveitar, já que chegamos até aqui, e continuar com o colete, não vamos atravessar nadando de forma esbaforida para morrer afogado, vamos dar braçadas devagar, vamos chegar em um porto seguro que este país merece", concluiu.