Horas antes de o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciar a nova taxa Selic, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu hoje (18) que os juros são altos mas que não depende só dele, Lula, reduzir o índice. Durante café da manhã no Palácio do Planalto com líderes de partidos aliados e de oposição na Câmara, o presidente rebateu críticas à política econômica. "Bravata em economia não dá certo", disse Lula, segundo o líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA).
"Até hoje estamos pagando o preço do Plano Cruzado", teria completado o presidente.
Aleluia, em entrevista, lembrou que o plano econômico citado por Lula teve como pai o presidente José Sarney (1985-1989), hoje senador e aliado do Palácio do Planalto. O Cruzado foi uma das tentativas frustadas do governo de acabar com a hiperinflação. "O Sarney tinha de estar presente no café da manhã", ironizou o deputado baiano.
A política de juros sempre dividiu o governo Lula. O vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, é um dos representantes do governo que mais se pronunciam contra o aumento da taxa Selic. No início desta semana, o ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, que fazia coro contra a política de juros, defendeu a equipe econômica do governo ao anunciar aumento de mais 266 mil postos de trabalho no mês de abril, em relação a março.
Na noite de ontem (17), Lula ouviu de lideranças do Movimento dos Sem-Terra, em encontro no Palácio do Planalto, críticas ao modelo econômico conduzido pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci. O MST chegou a colocar na pauta de reivindicação a crítica à política econômica. "O governo não foi eleito para manter esse modelo", reclamaram os sem-terra.