Lula recebe sem-terra amanhã; MST anuncia novas manifestações

Na chegada da caravana de 12 mil pessoas ao centro de Brasília, hoje (16), o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), João Paulo Rodrigues, anunciou o início de uma segunda fase da Marcha Nacional pela Reforma Agrária. O novo ciclo começa nesta terça-feira, com manifestações de reforço da marcha em dez Estados e várias capitais. Foram 15 dias de caminhada, que começou em 2 de maio, em Goiânia, a 205 quilômetros.

O MST cobra do governo federal o assentamento de 430 mil famílias. A pauta de reivindicações, com 16 itens, será entregue por uma comissão com representantes de 23 Estados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, às 16 horas, no Palácio do Planalto.

I Segundo Rodrigues, as ações serão simultâneas aos protestos e atos públicos previstos para esta terça-feira, no Ministério da Fazenda, Embaixada dos Estados Unidos e Congresso Nacional, em Brasília. As atividades, que devem incluir ocupações, vão prosseguir conforme as agendas de cada Estado.

Os sem-terra caminharam 11 quilômetros pelo centro de Brasília e acamparam, por volta das 12 horas, nas imediações do Estádio Mané Garrincha, no Eixo Monumental. No trajeto, grupos fizeram performances e lavaram os pés do agricultor Luiz Beltrami de Castro, de 96 anos, o mais idoso da caminhada.

Uma equipe de 150 policiais militares, 40 agentes de trânsito e 35 policiais rodoviários federais, com apoio de um helicóptero da PM, cuidaram da segurança. Na chegada ao estádio, o trânsito ficou congestionado. A avenida N 1, do Eixo, teve de ser interditada durante 55 minutos para a passagem da caravana. O trânsito foi desviado, mas os motoristas reclamaram. "Eles querem protestar e eu preciso trabalhar", disse o advogado Flávio Machado.

O líder nacional João Pedro Stédile comandou o encerramento da caminhada elogiando o trabalho da Polícia. "Eles foram nossos companheiros", disse. Stédile entregou um boné do MST ao comandante do Policiamento Rodoviário Federal, Alex Sandro Klein da Fonseca, e pôs na cabeça o quepe do policial. "Não achavam que um dia iam ver isso", brincava com os jornalistas. Dirigindo-se aos policiais militares, manifestou solidariedade à greve da PM goiana por reajuste de salários.

Agenda

Stédile disse que a maior marcha já feita pelo MST é um marco dos movimentos sociais no País. Para esta terça-feira são esperados mais 3 mil manifestantes em Brasília. Às 10 horas, um grupo de 200 militantes vai ao Congresso para audiências com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Por volta das 12 horas, a marcha deixa o estádio em direção à Esplanada dos Ministérios, deve fazer protestos no Ministério da Fazenda e na Embaixada dos Estados Unidos. Não está descartada uma ida ao Banco Central. A Secretaria da Segurança Pública do Distrito Federal reforçou o contingente para evitar a invasão de prédios públicos.

Os sem-terra vão aguardar na frente do Congresso o resultado da audiência com Lula. Integrantes da Ordem dos Advogados do Brasil, da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Igreja Católica serão convidados a integrar a comissão, formada por representantes dos sem-terra de 23 Estados. As delegações devem iniciar o retorno amanhã (17).

Horto

Cerca de 240 famílias de sem-terra ligadas ao MST invadiram domingo a fazenda do horto florestal de Paraguaçu-Paulista, no oeste de São Paulo. A área de 2 mil hectares pertence à Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Segundo o coordenador regional Luciano de Lima, as terras estavam sendo usadas indevidamente por criadores de gado. A invasão reuniu sem-terra de dois acampamentos da região. O órgão estadual deve entrar amanhã com pedido de reintegração de posse.

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