O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não consegue mais disfarçar seu desagrado com a pletora de congressistas que, a seu ver, tudo faz para impedir que o orçamento de 2008 seja posto em votação e aprovado. A derradeira apreciação presidencial sobre a suposta má vontade de deputados e senadores, que segundo Lula, têm a obrigação de aprovar a lei orçamentária não foi bem recebida pelos presidentes Arlindo Chinaglia e Garibaldi Alves, da Câmara e do Senado, respectivamente.

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Na semana passada, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, havia declarado que a lentidão com que o Congresso trata a questão do orçamento do exercício corrente poderá obrigar o governo a editar medidas provisórias de crédito extraordinário, a fim de garantir o andamento do cronograma de execução de inúmeros projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O impasse poderá evoluir para um clima de antagonismo aberto entre o Planalto e o Congresso, porquanto reside no acúmulo de medidas provisórias encaminhadas pelo Executivo o estrangulamento da pauta de trabalhos do Legislativo, cuja sinalização adverte para o risco de não haver tempo hábil para a discussão e aprovação do projeto de reforma tributária.

O senador Garibaldi Alves ponderou que Lula precisa abrir o jogo com os líderes de sua base parlamentar e resolver a questão em foro íntimo, dando a entender que a maioria dos problemas aí está localizada. Por sua vez, Chinaglia enfatizou que no final do ano passado, a Câmara deixou de lado uma série de MPs, com o objetivo de atender ao apelo do Planalto de priorizar a discussão da CPMF.

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Portanto, os dirigentes do Congresso Nacional esclarecem que ambas as casas trabalham estritamente de acordo com os parâmetros regimentais, tendo em vista as exigências peculiares do processo legislativo.

É importante salientar, no entanto, que as questiúnculas levantadas pelo afã do governo de fazer despesas como lhe apraz e do Congresso, para disciplinar a gastança, jamais deveriam servir de desculpa para o retardamento da aprovação de legislação da importância do Orçamento da União, no qual estão incluídos, por exemplo, os pagamentos de aposentados e pensionistas. O assunto é muito sério para ser tratado de forma irresponsável. 

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