Lula pode ir ao debate presidencial na Globo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição pelo PT, deve decidir esta semana se comparecerá ao debate a ser promovido pela Rede Globo, na noite de quinta-feira, que será o último ato da campanha eleitoral na televisão. O crescimento da chance de segundo turno poderá fazer Lula voltar atrás na decisão de não comparecer.

A marcha de Lula para uma vitória consagradora no primeiro turno sofreu o abalo inesperado do escândalo que derrubou o estado maior do seu comitê de campanha. As pesquisas Datafolha e Ibope divulgadas no sábado mostram que a hipótese de segundo turno não pode mais ser descartada. Lula perdeu votos e seu principal adversário, Geraldo Alckmin, ganhou eleitores. Na sondagem do Ibope publicada ontem pelo Estado a diferença entre as intenções de voto no presidente e as da soma dos adversários caiu para três pontos porcentuais.

Além de Lula, foram convidados para esse debate o tucano Geraldo Alckmin e o os ex-petistas Heloísa Helena e Cristovam Buarque. Os demais candidatos, José Eymael, Luciano Bicar, Rui Pimenta e Ana Rangel, não foram convidados com base em um acordo da emissora com a direção da campanha de todos os candidatos: a Globo deu a todos tempo igual na cobertura de suas atividades durante toda a campanha e poderia convidar, sem contestação, os que julgasse terem se destacado mais na disputa.

Segundo fontes do PT, o presidente estaria consultando assessores, dirigentes e ex-dirigentes do partido sobre o assunto. O instinto de Lula lhe diz que o prejuízo será menor se for ao debate, mas alguns dos conselheiros ouvidos, como o ministro Tarso Genro, avaliam que o risco de um desastre midiático é alto demais para ser corrido. A mesma opinião tem sido manifestada pela primeira dama, D. Marisa. O ex-ministro Ciro Gomes e o ex-presidente do PT, José Genoino, encorajam Lula a ir preparado para o ataque, e não para se defender.

Os contrários à presença de Lula argumentam que é preciso ter em vista a circunstância negativa, para ele, que passou a dominar o ambiente eleitoral, e o histórico desfavorável de suas participações em debates do gênero. Em 1989 ele, de fato, perdeu o debate para Fernando Collor, e em 1994 para Fernando Henrique. Em 98, FHC não compareceu, e se reelegeu no primeiro turno, e em 2002 a onda vermelha que elegeu Lula passou como um trator por cima de José Serra.

A decisão final do presidente não será tomada, porém, antes que se concluam as pesquisas de vários institutos previstas para divulgação a partir de amanhã. É provável que ele resolva comparecer ao debate da Globo, caso se configure claramente a hipótese do segundo turno. Seria a sua última cartada para tentar reverter a situação adversa. O dilema de Lula é não ter qualquer garantia de que sua performance, diante do questionamento dos adversários, não irá piorar as coisas.

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