O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tenta a reeleição, fez um discurso bastante forte contra seus opositores e a imprensa, hoje de manhã, em comício na Boca Maldita de Curitiba, e pediu para ser tratado "com decência e respeito". "Não é possível viver a vida inteira subordinado a futricas", reclamou, sob aplausos de centenas de pessoas que foram ouvi-lo. "As pessoas são expostas todo dia nas páginas dos jornais e na hora em que são absolvidas ninguém pede desculpas neste país", acentuou.

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Lula disse que manterá o mesmo estilo que adotou até agora. "Educação a gente aprende dentro de casa e eu não preciso ofender nenhum adversário para ganhar as eleições", afirmou. "Se quiserem me ofender, se quiserem me acusar, que acusem, eu vou manter um comportamento de presidente da República: altivo, sereno, sabedor de que o ódio que eles têm de mim não é por roubo. Eles sabem que eu não roubo e nem roubei", discursou. "Eles sabem do meu caráter e dos meus compromissos.

De acordo com o presidente, o "ódio" demonstrado pelos seus adversários deve-se ao fato de que "pela primeira vez o pobre brasileiro levantou a cabeça". "Não é o Lula que eles querem destruir", reforçou. "Querem destruir é o nosso sonho de fazer deste país um país grande, rico, que faça Justiça com seu povo." Segundo ele, nos quatro anos de mandato, nunca falou mal de ninguém, nem mesmo dos adversários. "Nunca viram e nunca vão ver porque eu vou ganhar a eleição", afirmou. Mas lembrou que mesmo nas vezes em que perdeu continuou com a mesma serenidade.

Lula analisou que as três vezes em que perdeu foi em razão de que uma parte da população pobre tinha medo dele. "Tinha medo porque as pessoas falaram que Lula não sabia governar, que não fala inglês, não fala francês", disse. "Aqui neste Estado até o preconceito contra o meu dedo eles fizeram." Um panfleto com uma mão com quatro dedos com um traço vermelho foi distribuído recentemente. "Preconceito é como câncer. Em época de campanha se espalha como metástase.

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Mas, segundo ele, se perdeu três eleições por medo que parte dos pobres tinha, sente-se orgulhoso de terminar o atual mandato sabendo que "os pobres conquistaram a independência". "As pessoas aprenderam porque estão ficando mais espertas, estão vendo a diferença de quatro anos meu e 30 deles", afirmou. Nesse ponto, Lula repetiu o mesmo discurso que tem feito, falando do Bolsa-Família, do ProUni, dos recursos destinados à agricultura.

E aproveitou para criticar os parlamentares que não aprovaram o Fundo Nacional de Educação Básica (Fundeb) e a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. "Não aprovaram porque acharam que se aprovassem seria bom para o Lula", afirmou. "É preciso diminuir o ódio com que as pessoas fazem política no Brasil. E é por isso que não ataco ninguém". Ele lembrou que ainda terá dois debates até as eleições. "Quando era oposição não tinha debate, só teve em 2002 quando eu estava em primeiro lugar", recordou. "Em 98, quando o Fernando Henrique Cardoso não foi em um debate ninguém colocou uma cadeira vazia. Agora, como é o Lula…" Mas registrou que gosta de debate. "Sobretudo quando o candidato tem nível para discutir o Brasil", ponderou.

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O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), que tenta a reeleição, não foi ao comício, apenas seu vice, Orlando Pessuti. Lula disse que teve sua política econômica criticada por Requião mas não podia ficar de "biquinho". Lembrou que o adversário, senador Osmar Dias (PDT), optou por Geraldo Alckmin. "Quem vota em mim precisa votar em Requião para o governo do Estado", pediu. "Porque Requião gosta dos pobres." Ele disse não ter nada contra ninguém, referindo-se a Dias. "Mas já que tem dois projetos de disputa no Brasil e no Estado, a gente tem que dizer de que lado está.