Com temor de que a crise política reacenda com força por causa das afirmações do relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), de que são provenientes do Banco do Brasil os recursos que teriam sido desviados para o PT, com intermediação das empresas de Marcos Valério, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou ao ministro das Relações Institucionais, Jacques Wagner, que ficasse no Brasil para acompanhar de perto o tema e não viajasse hoje com ele para Mar del Plata, na Argentina. "Quero tudo esclarecido. Tem de avançar nas explicações", insistiu o presidente pela manhã, na Base Aérea de Brasília, antes de embarcar.
De acordo com assessores, demonstrando a apreensão com o caso, o presidente telefonou da Argentina perguntando: "O governo avançou nos esclarecimentos?". E reiterou: "Quero que tudo seja esclarecido." No Planalto, há uma avaliação de que é preciso que sejam dadas as mais detalhadas explicações para as denúncias porque entendem que ela pode pôr o presidente no alvo direto das investigações. Durante todo o dia de hoje, mesmo estando em Mar del Plata, Lula foi mantido informado sobre os desdobramentos dos fatos. Antes de viajar, Lula determinou ainda que a Casa Civil, o Ministério da Fazenda e o Ministério da Justiça acompanhassem o assunto e que lhe repassassem o andamento do caso.
Wagner disse hoje, por meio da assessoria, que foi "precipitada" a denúncia apresentada pelo relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), de que o Banco do Brasil transferiu dinheiro para o PT. "As notas divulgadas pelo Banco do Brasil desmentem essa denúncia", afirmou o ministro. Wagner conversou sobre o assunto com diversos parlamentares e o presidente do PT, Ricardo Berzoini.
Ontem, quando havia ainda um misto de perplexidade e surpresa com as informações divulgadas por Serraglio, o governo chegou a pensar em distribuir uma nota oficial repetindo um pouco o que dizia o Banco do Brasil. Mas, desistiu por entender que seria levar o assunto para dentro do Planalto.