O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo, nesta sexta-feira, para que os demais mandatários do Mercosul pressionem as nações ricas para acabarem com os subsídios agrícolas, ajuda financeira ou indireta que os paises ricos dão aos seus agricultores e que prejudica as nações mais pobres, porque artificialmente torna competitivos os gêneros agrícolas europeus, americanos e japoneses em relação ao que é produzido em países em desenvolvimento.
"Eu penso que cada um dos presidentes do Mercosul que puder pegar o telefone e ligar para um, na sua contraparte, na Europa e nos Estados Unidos, para começarmos a fazer pressão, porque, senão, todos nós passaremos mais 20 anos vendo os pobres ficando mais pobres e os ricos ficando mais ricos", disse, durante participação na 29ª Reunião de Cúpula do Mercosul em Montevidéu (Uruguai).
O fim dos subsídios agrícolas é um dos principais temas da reunião ministerial da Organização Mundial do Comercio (OMC), entre os dias 13 e 18 de deste mês, em Hong Kong. Esta semana, Lula conversou por telefone com o presidente dos Estados Unidos, George Bush, e o primeiro-ministro da Inglaterra, Tony Blair. O brasileiro sugeriu aos dois a realização de um encontro entre os chefes de Estado dos paises ricos e pobres para destravar as negociações sobre o assunto na OMC.
Para Lula, a questão não deve ser discutida por assessores, mas pelos presidentes dos paises. "Essa decisão e tão importante que não deveria ser mais uma decisão a ser tomada pelos nossos técnicos, pelos nossos ministros. Deveria ser assumida pelos presidentes da República".
Ele acrescentou: "Não é possível que uma tomada de posição dessa envergadura, em que estaremos jogando o destino de milhões e milhões de seres humanos, e muitos deles não têm nenhuma força para participar das organizações multilaterais, sobretudo na OMC, não sejam atendidos numa política humanitária, solidária e comercial dos países ricos para os países emergentes".
A idéia inicial do presidente brasileiro era que o encontro ocorresse antes da reunião ministerial da OMC. Agora, a intenção é que o encontro dos chefes de Estado seja realizado em janeiro. O presidente afirmou que pretende conversar com os governos da Alemanha e da França sobre a proposta.
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