Lula pede ao governador de Minas apoio para agenda positiva

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu, nesta quinta-feira, ao governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), apoio para a construção de uma "agenda positiva" no Congresso Nacional.

Aécio disse que Lula está "angustiado" com "essa avalanche de denúncias que o cercam", mas disposto a discutir projetos importantes para o País no Parlamento, sobretudo as reformas tributária e política. Lula conversou pela manhã, por telefone, com o tucano.

"Tivemos uma palavra rápida sobre a crise", disse o governador mineiro. "Eu vejo o presidente angustiado, preocupado. Não cabe a mim entrar em juízo de valor sobre quais são as suas responsabilidades porque os instrumentos adequados estão fazendo isso", observou. "O presidente estimula que nós possamos estar discutindo tanto a reforma política quanto a reforma tributária. E essa é uma disposição antiga minha".

Disposição que vai de encontro aos interesses do Palácio do Planalto, de desviar o foco da crise política. Aécio tem reiterado que é a favor da apuração rigorosa das denúncias e punição dos responsáveis, mas destaca sempre que o País não pode se transformar numa "delegacia de polícia".

Nesta quinta-feira, ao participar de uma campanha contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes, em frente ao Palácio da Liberdade, ele aplaudiu a proposta de "diálogo" feita por Lula – "ainda com fôlego e disposição para telefonar a um governador de oposição e falar sobre votações congressuais e sobre investimentos administrativos".

Acho que começa a ser criado um clima para que nós possamos retomar o processo de votações de matérias importantes para o País", avaliou o governador de Minas.

Cronograma

Aécio disse que tem negociado com outros governadores e pretende nas próximas semanas se encontrar com o ministro da Fazenda, Antônio Palocci. A idéia é que, com o apoio do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), seja estabelecido um cronograma para a retomada da votação da reforma tributária e de uma nova concepção para o Fundo de Compensação das Exportações – reivindicação antiga dos principais estados exportadores.

Embora classifique como corretas as medidas previstas na reforma política de emergência no Senado, Aécio considera que elas "não tocam ainda a fundo como nós precisamos tocar".

"Essas medidas têm esse contorno muito mais de inibir o abuso do poder econômico, de criar mecanismos de fiscalização mais efetivos em relação às doações de campanha", disse o governador, destacando que defende uma "reforma política profunda", com a adoção do voto distrital misto, da fidelidade partidária e do financiamento público exclusivo de campanha.

Metrô

Na conversa com Aécio, Lula informou que pretende liberar recursos do Orçamento da União para a conclusão da primeira etapa das obras do metrô de Belo Horizonte, mas propôs que o governo estadual assuma a sua gestão, hoje de responsabilidade da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).

"O Estado se dispõe a discutir tecnicamente essa questão do ponto de vista financeiro, sobre qual é a rentabilidade do metrô e qual é o seu custo operacional", observou o governador, afirmando, porém, que o caixa estadual não tem condições de arcar com novos encargos que não estejam previstos no seu orçamento.

Nesta quarta-feira, Aécio reclamou publicamente que Minas não foi contemplada na liberação de R$ 1 bilhão em recursos para gastos dos ministérios, conforme anúncio feito um dia antes pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo