Em sua primeira reunião com a cúpula do PT depois de ter sido reeleito, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ‘humildade’ aos companheiros, disse que o partido não pode mais errar na política e, na tentativa de driblar as pressões por cargos, garantiu que não fará grandes mudanças no ministério.

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Nas duas horas e meia de conversa no Palácio do Planalto, ontem, Lula tranqüilizou os petistas: prometeu que o PT será mais ouvido e terá um papel relevante no governo de coalizão. O presidente insistiu, porém, em que precisará do PMDB ‘inteiro’ no segundo mandato.

"Não é meu objetivo reduzir o espaço do PT", afirmou Lula. "Ganhei a eleição com esse time e em time que está ganhando não se mexe. Angústia e ansiedade quem tem é a imprensa e os que estão fora do governo e querem entrar. Quero conversar com todos e não com pedaços de partidos", emendou.

Dirigentes petistas que compõem a comissão política do PT mostraram preocupação em digerir como será o relacionamento do PT com o governo. Integrantes de tendências de esquerda foram além: disseram ter a expectativa de conhecer os ‘métodos’ de composição da equipe. E mostraram aborrecimento com comentários de que o PT mais atrapalha do que ajuda. O presidente foi econômico nas explicações, mas assinalou que no modelo de coalizão todos serão muito mais cobrados.

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"A nós não é dado o direito de errar. Aliás, o PT, mesmo quando acerta, leva bordoada, apanha. Imaginem quando erra!", cobrou Lula. A observação foi feita quando ele lembrou as ‘lambanças’ cometidas no primeiro mandato, incluindo a tentativa de compra de um dossiê contra tucanos em plena campanha. "Mas acho que agora vocês aprenderam", comentou.

"Calma, presidente, que o dia não acabou! Ainda tem a tarde toda para alguém fazer bobagem", retrucou um dirigente petista, provocando gargalhadas.

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No início da reunião, Marco Aurélio Garcia, presidente interino do PT, sugeriu que o governo de coalizão tenha um ‘conselho político’, integrado por todos os partidos aliados – não por ‘facções’ de legendas -, destinado a encaminhar propostas ao Planalto. "O PMDB, para nós, não é problema. É uma grande solução", disse ele, para dissipar o mal-estar.

Depois, Garcia repetiu que o PT não cobrou cargos no ministério. "O tamanho da participação no governo não se mede com fita métrica nem com aritmética vulgar: mede-se pela presença de posições políticas essenciais", disse, irritado.